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Problema com a Huawei é a promessa de 5G, segundo críticos

Todd Shields

18/01/2019 14h59

(Bloomberg) -- A nova tecnologia sem fio conhecida como 5G não vai simplesmente deixar os telefones celulares mais rápidos -- ela vai conectar bilhões de dispositivos, revolucionando o transporte, a indústria e até mesmo a medicina. Vai criar também uma infinidade de brechas que poderão ser exploradas por agentes mal-intencionados.

Essa vulnerabilidade ajuda a explicar a tensão crescente entre os EUA e a Huawei Technologies, a maior empresa de tecnologia da China. A Huawei tenta conquistar um papel de liderança global em tecnologia 5G, mas as autoridades americanas desconfiam que isso ajudaria Pequim a espionar governos e empresas ocidentais.

"A presença significativa da Huawei na tecnologia 5G cria um novo vetor para possível espionagem cibernética e malware", disse Michael Wessel, comissário da Comissão de Análise Econômica e de Segurança EUA-China que assessora o Congresso americano, em entrevista. Ao conectar novas classes de produtos, a tecnologia 5G "cria novas vulnerabilidades".

Essa tecnologia traz uma grande promessa. Um grande número de gadgets vai se comunicar instantaneamente por meio de milhões de antenas. Carros vão conversar entre si para evitar acidentes fatais, supervisores de fábricas vão monitor os estoques de peças e médicos vão poder fazer cirurgias remotamente porque não haverá demora nos fluxos de vídeo, áudio e dados. As conexões serão 10 a 100 vezes mais velozes do que os padrões atuais -- rápidas o suficiente para fazer o download de um filme inteiro em segundos.

No entanto, as autoridades de segurança nacional dos EUA veem bilhões de oportunidades para que espiões, hackers e ladrões cibernéticos roubem segredos comerciais, sabotem máquinas e até mesmo ordenem batidas de carros. Citando ameaças à segurança, os EUA têm pressionado aliados para excluir a Huawei das redes de telecomunicações. O Congresso dos EUA proibiu as agências governamentais de comprarem equipamentos da empresa.

A empresa nega ser uma ameaça. "O medo em relação à Huawei e à tecnologia 5G é equivocado", disse Andy Purdy, diretor de segurança da Huawei nos EUA, em entrevista. "Esta é uma rede mais forte, uma rede mais segura."

A nova tecnologia exigirá uma reformulação da infraestrutura de telecomunicações. O termo 5G significa "quinta geração", que sucederá a atual quarta geração de conectividade móvel que popularizou o compartilhamento de vídeo e o streaming de filmes.

Os padrões da 5G estão sendo escritos e a implementação comercial em grande escala só é esperada a partir de 2020, de acordo com a comissão de análise EUA-China. AT&T e Verizon Communications, importantes operadoras dos EUA, estão lançando versões em pequena escala do serviço.

Enquanto isso, o número de dispositivos conectados à internet está crescendo em quase um terço a cada ano e chegará a 25,1 bilhões até 2021, segundo estimativa da consultoria Gartner.

À medida que essas mudanças ocorrem, a Huawei está sob intenso escrutínio dos EUA e de seus aliados.

A companhia, fundada por Ren Zhengfei em 1987, tornou-se uma presença importante da China no exterior, com vendas anuais estimadas de US$ 108 bilhões e operações que se estendem à África, Ásia e Europa.

Ren, em uma rara conversa com jornalistas estrangeiros, na terça-feira, negou as insinuações de que a Huawei ajuda o governo chinês em espionagem e afirmou que a companhia não tem contato regular com Pequim.

"Alguns países decidiram não comprar equipamentos da Huawei", disse ele. "Portanto, podemos mudar nosso foco para atender melhor os países que dão as boas-vindas à Huawei. Podemos construir redes de alta qualidade nesses países para provar que somos confiáveis."

--Com a colaboração de Gao Yuan.