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Lobby de farmacêuticas tem gasto recorde com governo dos EUA

Bill Allison

23/01/2019 13h00

(Bloomberg) -- O principal grupo representante da indústria farmacêutica dos EUA divulgou na terça-feira que gastou o recorde de US$ 27,5 milhões em lobby em 2018, US$ 1,4 milhão a mais que em 2009, quando o Congresso e a Casa Branca criaram a Lei de Cuidados Acessíveis (ACA, na sigla em inglês), a reforma da saúde conhecida como Obamacare.

O aumento nos gastos da Pharmaceutical Research and Manufacturers of America coincidiu com o fracasso do setor em conseguir uma solução legislativa de última hora que reduziria sua parcela de gastos em um programa popular do Medicare e com os preparativos para um ano que poderia ser o mais desafiador em décadas.

PhRMA, a associação comercial das maiores fabricantes de medicamentos dos EUA, gastou mais de US$ 6 milhões para fazer lobby com o Congresso e o governo Trump no quarto trimestre, de acordo com documentos apresentados ao Departamento de Registros Públicos do Senado. Seu maior trimestre de todos os tempos foram os primeiros três meses de 2018, quando informou ter gastado quase US$ 10 milhões. Uma porta-voz do grupo preferiu não comentar.

Alto custo dos remédios

Uma das poucas questões que unem o presidente Donald Trump e os democratas que acabam de assumir o controle da Câmara dos Deputados dos EUA é a redução do preço dos remédios prescritos. Ambas as partes buscam conquistas para alardear em um momento em que a indústria farmacêutica se tornou alvo da ira da população.

Os documentos cobrem o período em que estavam sendo realizadas as eleições parlamentares que determinariam o controle do Congresso. Os custos com medicamentos estiveram entre os principais pontos de campanha em muitas disputas da Câmara e do Senado.

Os gastos com lobby de algumas empresas farmacêuticas também aumentaram no quarto trimestre. Entre elas: Abbott Laboratories, que gastou US$ 1,4 milhão; e Johnson & Johnson Services, que gastou US$ 2,3 milhões. A AstraZeneca Pharmaceuticals, a Boehringer Ingelheim Pharmaceuticals e a Teva Pharmaceutical Industries também registraram aumento nos gastos no trimestre. Muitas fabricantes de medicamentos ainda não apresentaram seus relatórios, e o prazo termina à meia-noite desta quarta-feira.

Negociação de terceiros

O governo Trump propôs planos para aumentar a negociação de terceiros de alguns medicamentos no Medicare, o programa de saúde para idosos e deficientes. O governo também quer comparar o valor que o Medicare paga pelos medicamentos com os preços que outros países desenvolvidos pagam. Na Europa, por exemplo, os preços costumam ser mais baixos porque são estipulados pelo governo.

Por sua vez, deputados democratas iniciaram uma investigação sobre as práticas de preços da indústria. O Comitê de Supervisão e Reforma enviou pedidos de informações detalhadas sobre práticas de preços para uma dezena de empresas, incluindo a Pfizer, a Amgen e a AstraZeneca.

O deputado Elijah Cummings, de Maryland, presidente do comitê, disse que um dos objetivos é determinar "quais medidas podem ser tomadas para reduzir os preços dos medicamentos prescritos". O principal representante de Trump no assunto, o secretário de Serviços Humanos e de Saúde Alex Azar, tuitou uma foto em que ele aparece com Cummings dois dias depois que o inquérito da Câmara começou, dizendo que ele apreciava o compromisso com a redução dos preços.

No Senado, Chuck Grassley, de Iowa, presidente do Comitê de Finanças, disse na terça-feira que planeja realizar audiências sobre os preços dos medicamentos a partir de 29 de janeiro.