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Teste do Fed para bancos simula maior recessão da história

Jesse Hamilton

06/02/2019 15h09

(Bloomberg) -- Wall Street enfrentará testes de estresse particularmente difíceis neste ano, quando o Federal Reserve exigirá que os bancos provem que são capazes de continuar concedendo empréstimos mesmo durante uma dura recessão global.

O ponto positivo é que os bancos contarão com uma transparência muito maior no que diz respeito ao funcionamento dos testes.

Os exames de 2019 simularão o maior salto do índice de desemprego dos EUA já imaginado nestes exercícios -- de mais de 6 pontos percentuais, para 10 por cento de desemprego. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos também cairão, juntamente com os preços dos imóveis comerciais e residenciais.

Grandes bancos, como JPMorgan Chase, Goldman Sachs e Citigroup, precisarão medir seu desempenho em relação aos cenários hipotéticos e provar que seus planos reais para os dividendos e a recompra de ações não comprometeriam a capacidade de enfrentar uma crise do tipo.

A principal diferença do teste deste ano -- chamado de Análise e Revisão Abrangente de Capital -- é a campanha de transparência recém-finalizada. O Fed anunciou na terça-feira que fará diversas mudanças, permitindo inclusive que os bancos vejam as taxas de prejuízos de empréstimos reais e hipotéticos segundo os modelos do órgão regulador. O Fed também fornecerá aos bancos mais informações sobre as equações e variáveis que influenciam os resultados.

As análises podem permitir que os bancos se aproximem mais dos limites mínimos de capital permitido sem tanto medo de acabar ficando abaixo da exigência do Fed.

"O cenário hipotético apresenta a maior mudança no índice de desemprego até o momento", disse o vice-presidente de supervisão, Randal Quarles, em comunicado sobre os testes deste ano, cujos resultados serão anunciados até 30 de junho. "Estamos confiantes de que esse cenário efetivamente testará a resiliência dos maiores bancos do país."

Os bancos com mais de US$ 100 bilhões em ativos estão sujeitos aos testes e devem apresentar seus planos de capital até 5 de abril. Mas o Fed também anunciou que os bancos com US$ 100 bilhões a US$ 250 bilhões receberão mais alívio, colocando seus testes sob um prazo maior que os deixa fora do processo de 2019. O Fed pretende também propor uma regra para a forma de lidar com os planos de distribuição de capital desses bancos.

Nos testes de 2018, o banco central impediu que Goldman Sachs e Morgan Stanley aumentassem a distribuição de dividendos. Ainda assim, a maior parte do setor se saiu bem, e outros grandes bancos anunciaram após os exames que investiriam mais de US$ 110 bilhões em dividendos e recompras de ações, um recorde.

O Fed vem trabalhando em separado na reformulação de suas principais regras de capital para incorporar os resultados dos testes de estresse de cada banco diretamente em suas exigências de capital. Mas esse processo -- uma grande mudança para as instituições de Wall Street -- aguarda a agência concluir a implementação de uma lei que reformou partes da Lei Dodd-Frank principalmente para bancos regionais e de menor porte.

--Com a colaboração de Yalman Onaran.