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Após acordo com BRF, Tyson sinaliza pausa nas aquisições

Isis Almeida e Lydia Mulvany

08/02/2019 15h03

(Bloomberg) -- O maior frigorífico dos EUA foi às compras com vontade, mas sua motivação para novas aquisições pode estar diminuindo.

Depois de comprar a fabricante de nuggets de frango Keystone Foods por mais de US$ 2 bilhões no ano passado e anunciar a aquisição de alguns ativos da brasileira BRF por US$ 340 milhões na quinta-feira, o presidente da Tyson Foods, Noel White, pretende usar muita disciplina em eventuais acordos no futuro.

Sediada em Springdale, no Estado do Arkansas, a Tyson vem se expandindo no exterior e ampliando a carteira de produtos de valor agregado, como nuggets, para combater a situação de lentidão e faturamento decepcionante no mercado doméstico. A companhia está pronta para acessar o mercado de títulos para bancar aquisições recentes, disse o diretor financeiro, Stewart Glendinning, em teleconferência com analistas na quinta.

"Seremos muito disciplinados em relação ao que vamos analisar em seguida", afirmou White durante a conversa. "Teria de entregar retorno financeiro robusto e estar em uma região geográfica que pode ser atraente. Mas estamos plenamente comprometidos em integrar o que compramos, obter financiamento e então adotar uma abordagem muito estruturada e disciplinada para qualquer outra coisa."

Após a sequência de compras, surgiram especulações de que a companhia vai crescer no mercado interno. Segundo reportagem veiculada nesta semana pela CNBC, a Tyson já está discutindo a compra do frigorífico americano Foster Farms, de capital fechado, por aproximadamente US$ 2 bilhões.

Classificação de risco

Os comentários do presidente da Tyson podem sugerir que "diante das aquisições anunciadas hoje, a empresa permanece empenhada em manter o grau de investimento", disse Ken Shea, analista da Bloomberg Intelligence. "Provavelmente haverá cautela para não realizar aquisições que atrapalhem isso."

Talvez a companhia esteja tentando acalmar investidores receosos de que esteja "se tornando um pouco indisciplinada com aquisições, considerando os acordos anunciados hoje e o boato do acordo de maior valor com a Foster", acrescentou Shea.

A Tyson passou a focar em produtos de maior valor agregado para lidar com a volatilidade dos mercados de commodities. O forte aumento da produção nos EUA derrubou os preços de suínos e aves e não há sinais de reversão nessa tendência. A fraqueza nas vendas de carnes prejudicou o faturamento trimestral.

"O foco maior será em alimentos de valor agregado e em expandir esse setor", informou White.

Falando sobre a perspectiva para novos acordos, o diretor Glendinning disse durante a teleconferência: "Nunca comentamos sobre qualquer perspectiva de aquisição. Mas claramente desejamos ir ao mercado de títulos de maneira limpa para nossos objetivos de dívida."

Repórteres da matéria original: Isis Almeida em Londres, ialmeida3@bloomberg.net;Lydia Mulvany em Chicago, lmulvany2@bloomberg.net