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Sobreviventes das criptomoedas recorrem a mercado de derivativos

Alastair Marsh

13/02/2019 15h10

(Bloomberg) -- Desesperados para sobreviver ao colapso de seu mercado, os fanáticos das criptomoedas estão recorrendo ao kit de ferramentas financeiras para captar dinheiro à moda antiga.

Eles começaram a vender derivativos vinculados a tokens digitais para extrair algo de seus ativos depreciados. Sua necessidade é tão aguda que empreendimentos administrados principalmente por desenvolvedores de software e especialistas em tecnologia estão negociando as condições com profissionais da área financeira que ganharam fama em Wall Street.

É o custo de sobreviver ao que ficou conhecido como o inverno das criptomoedas, uma reviravolta impressionante da febre que levou o bitcoin a subir 1.400 por cento em 2017. O token mais valioso caiu cerca de 80 por cento em relação ao pico. Para o outro lado da transação, é uma maneira barata de apostar em uma recuperação.

"Qualquer um que tenha uma pilha de tokens percebeu no bear market de 2018 que seus negócios estão à mercê dos preços das criptomoedas", disse Sam Bankman-Fried, CEO da Alameda Research, uma empresa de trading quantitativo de ativos digitais em São Francisco. "Ter algum dinheiro vivo pode ser crucial para a sobrevivência desses nomes se os preços dos ativos digitais caírem."

Os mineiros, que produzem novas moedas e verificam as transações, e também as empresas que captaram recursos no boom das ofertas iniciais de moedas, em 2017, estão tendo que recorrer à criatividade para continuar operando. Eles estão entre os principais vendedores de derivativos similares às opções de compra cobertas, uma transação popular entre os investidores em ações.

A negociação de opções também foi impulsionada por um grupo crescente de ex-profissionais de Wall Street que tinham trocado os ativos tradicionais pelas criptomoedas. Entre os principais nomes estão a QCP Capital e a Akuna Capital, empresas com ex-funcionários de fundos de hedge e firmas de trading de alta frequência.

Os futuros de bitcoin, que foram introduzidos no final de 2017, são negociados em mercados públicos administrados por empresas reguladas, como CME Group, mas a maioria das transações de opções, que começaram a surgir há cerca de seis meses, são contratos bilaterais privados. Por isso, é difícil encontrar dados estatísticos oficiais.

Entrevistas com uma dúzia de traders de criptomoedas e investidores de Nova York a Sydney renderam distintas estimativas de volumes de vendas, de US$ 125 milhões por mês a US$ 500 milhões, além de opiniões divergentes sobre se os principais usuários são contrapartes profissionais negociando entre si, ou se são os mineiros que criam os ativos digitais e outros grandes detentores de tokens.

As opções de compra cobertas são adequadas para aqueles que querem gerar receita com os ativos que possuem. Elas limitam a capacidade do vendedor de se beneficiar de aumentos de preços após determinado ponto, e a maior parte do valor positivo de qualquer ganho substancial vai para o comprador.

Embora o mercado tenha crescido rapidamente, alguns traders apontam para restrições incômodas. Como não há padrões de mercado, as contrapartes normalmente exigem garantias significativamente maiores do que as necessárias para opções em moedas tradicionais e mais amplamente aceitas, de acordo com Rich Rosenblum, cofundador da GSR, empresa de trading algorítmico com foco em ativos digitais e sede em Hong Kong.