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Carros autônomos podem revolucionar seguros automotivos

Paul Tullis

19/02/2019 14h57

(Bloomberg) -- Dan Peate, um capitalista de risco e empreendedor do sul da Califórnia, estava pensando em comprar um Tesla Model X há alguns anos -- até ligar para a seguradora e descobrir quanto o prêmio subiria.

"Eles cotaram US$ 10.000 por ano", lembra Peate.

Devido ao receio de acidentes provocados por carros sem motorista, incluindo os problemas da Tesla com seu limitado modo de piloto automático, o "Autopilot", é fácil esquecer uma das supostas virtudes dos veículos autônomos: eles deixarão as ruas mais seguras. O sofisticado leque de lidar, radar e câmeras deverá ser mais eficiente para detectar problemas do que nossos olhos e ouvidos mortais. E os computadores nunca ficam embriagados e não navegam no Tinder nem dormem ao volante.

Peate, 40, já havia criado uma empresa chamada Hixme, uma provedora de plano de saúde em grupo. Agora, ele queria abrir uma nova empresa especializada em seguros para carros com modos de direção automatizada (e, futuramente, para carros totalmente autônomos). A experiência dele com a seguradora de seu antiquado carro dependente de motorista apenas confirmou essa necessidade.

Quando os subscritores e os atuários fixam o preço do seguro com base em um novo tipo de risco, disse Peate, eles cobram mais por não contarem com informações suficientes. Com tão poucos Model X nas ruas, seu histórico de segurança era, na melhor das hipóteses, obscuro. Mas a Tesla e outras fabricantes de veículos coletam grandes quantidades de dados sobre a operação de seus veículos para melhorar a automação. Peate disse que percebeu que "é possível obter grandes quantidades de dados de frotas inteiras e subscrever sem ter que esperar por anos de informações" de acidentes depois que ocorrem.

Isso também permite que uma seguradora reduza os prêmios dos motoristas à medida que usam mais a direção autônoma.

Em 30 de janeiro, Peate anunciou a criação da Avinew, com US$ 5 milhões em financiamento semente liderado pela Crosscut Ventures, de Los Angeles. Seu produto de seguro monitorará o uso de recursos autônomos pelos motoristas em carros fabricados por empresas como Tesla, Nissan, Ford e Cadillac, determinando descontos com base no uso desses recursos. A Avinew fez acordos com a maioria das fabricantes e está trabalhando para fechar acordos com as restantes, disse Peate, para que a firma tenha acesso aos dados de direção quando o cliente der permissão.

A Deloitte previu isso em seu relatório de perspectivas para os seguros de 2019. "O aumento da conectividade... gerou uma enorme quantidade de dados em tempo real e mudou a relação da seguradora com os segurados, que era estática e transacional e passou a ser dinâmica e interativa." A Avinew afirmou que espera redigir políticas ainda neste ano em estados selecionados.

A transição aponta para uma crise existencial maior no multibilionário setor de seguros automotivos. Se não tem ninguém dirigindo, por que precisamos de seguro automotivo? Os prêmios -- e as receitas da empresa -- se baseiam na probabilidade de um motorista sofrer acidente e nos índices reais de colisão. Como mais de 90 por cento dos acidentes são provocados por erro humano, retirar o motorista dessa equação implica grandes mudanças para as seguradoras.

"Isso aparece em todas as conversas estratégicas", disse Michelle Krause, diretora-gerente sênior do grupo de serviço ao cliente de seguro da Accenture. As principais operadoras "estão muito concentradas em entender a tecnologia por trás [da automação] e as oportunidades disponíveis para elas".