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Emergentes planejam bancos verdes para pagar trilhões do clima

Mathew Carr

18/03/2019 17h02

(Bloomberg) -- O mundo precisa de um novo modelo para canalizar financiamento privado para projetos ecológicos de países emergentes, e os bancos comerciais estão entre os que pretendem ajudar a criá-lo.

Instituições como Macquarie Group, HSBC Group e Mizuho Financial Group deverão participar da Green Bank Design Summit, nesta semana, em Paris. Elas se somarão a representantes de 24 países em desenvolvimento que respondem por quase metade dos gases causadores do efeito estufa do mundo que participarão da cúpula nos próximos dois dias.

Países como China, Chile e Índia estão buscando formas práticas de cumprir as ambiciosas metas de redução de emissões do acordo climático de Paris, que exigirá cerca de US$ 1 trilhão em financiamento em todo o mundo até 2050, disse Paul Bodnar, diretor-gerente do grupo ambientalista Rocky Mountain Institute, que está ajudando a organizar o evento.

A cúpula é realizada em um momento em que o financiamento de atividades em prol do clima está em crescimento. A emissão de produtos de dívida sustentável em todo o mundo aumentou 26 por cento, para US$ 247 bilhões no ano passado, em um momento em que os investidores buscam essas ofertas para cumprir seus próprios objetivos ou exigências em relação aos impactos ambientais e sociais, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

A Macquarie, que comprou a empresa britânica Green Investment Group em 2017, está fornecendo capital para projetos ecológicos em economias emergentes e trabalha para ajudar a estabelecer novos bancos verdes, disse Gavin Templeton, chefe da unidade de financiamento sustentável da GIG. O governo britânico criou a GIG original em 2012 para financiar projetos como parques eólicos e usinas de biogás.

"Atrair o setor privado será essencial", disse Templeton. Os bancos verdes podem reduzir os riscos em mercados que não estejam funcionando muito bem, dependendo da localização, e incentivar os investidores privados a oferecer produtos como garantias de crédito para contratos corporativos de aquisição de energia ou dívidas de longo prazo.

Bancos verdes e fundos climáticos que reduzam os riscos políticos, cambiais e de mercado enfrentados pelos investidores privados podem ser criados simultaneamente.

O Banco de Desenvolvimento da África Austral (DBSA, na sigla em inglês) criou no ano passado um mecanismo de financiamento climático usando US$ 55,6 milhões do Fundo Verde para o Clima, um programa bem maior estabelecido como parte das negociações do acordo de Paris para ajudar países em desenvolvimento.

Esse dinheiro e uma contribuição semelhante do DBSA serão ampliados com a utilização de outros investidores privados, criando uma base de até US$ 500 milhões, disse Jonathan First, executivo bancário do DBSA. O mecanismo, que evita a necessidade de dinheiro do contribuinte, é um modelo que pode ser aplicado em outros países emergentes, disse. Os bancos provavelmente levarão mais tempo para ser criados do que os fundos, mas podem ser formados ao mesmo tempo.

"O modelo para o mundo em desenvolvimento precisa ser muito diferente do usado no mundo desenvolvido" por não ser capaz de drenar recursos públicos, disse First, por telefone. "Eu já estou avaliando as duas ou três primeiras transações em potencial", que podem incluir usinas solares e projetos para tornar o transporte mais limpo no setor de mineração.

A Bloomberg Philanthropies, que, assim como a Bloomberg LP, pertence a Michael Bloomberg, ajuda a financiar o Rocky Mountain Institute.