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Lyft muda evento sobre IPO em meio a protestos de motoristas

Olivia Zaleski e Eric Newcomer

26/03/2019 12h08

(Bloomberg) -- Motoristas insatisfeitos apareceram no hotel Omni, em São Francisco, na esperança de expressar seus sentimentos aos executivos, banqueiros e potenciais investidores na reunião do roadshow da abertura de capital da Lyft.

Não havia ninguém lá.

A reunião agendada para segunda-feira pela Lyft acabou sendo realizada no Olympic Club. Ela havia sido marcada originalmente no Omni, segundo um documento visto pela Bloomberg quando o roadshow foi anunciado.

Dezenas de motoristas e apoiadores, no entanto, protestavam sob a chuva, condenando os cortes impostos a eles pela Lyft, supondo que do lado de dentro executivos e banqueiros estivessem realizando um almoço para possíveis investidores.

"Estou aqui para que eles saibam como seus motoristas são realmente tratados, como os cortes salariais foram injustos e como é difícil para nós ter uma vida decente morando na cidade mais cara dos EUA", disse Rebecca Stack, motorista da Lyft há um ano e meio.

O roadshow da Lyft foi transferido do Omni porque o evento precisou de um espaço maior, disse uma pessoa familiarizada com o assunto que pediu para não ser identificada porque a informação não é pública.

A Lyft tem um "grande histórico de ajudar os motoristas para que aumentem seus ganhos", disse o porta-voz da empresa, Adrian Durbin, em comunicado enviado por e-mail. "Os motoristas são essenciais para nossa missão de melhorar a vida das pessoas por meio do melhor transporte do mundo", disse.

IPO na quinta-feira

A segunda maior empresa de transporte particular dos EUA deverá fixar o preço de sua estreia na bolsa na quinta-feira. A Lyft planeja levantar cerca de US$ 2,1 bilhões naquela que será a maior abertura de capital dos EUA até agora no ano e a maior oferta do setor de tecnologia desde a da Snap, há dois anos.

As reclamações sobre a remuneração estão entre as principais dos motoristas da Lyft e da Uber Technologies, sua maior concorrente, que deverá apresentar documentos para abrir o capital em abril, segundo pessoas familiarizadas com os planos da empresa. Alguns motoristas dessas empresas também entraram com ação judicial -- sem sucesso até o momento -- para serem tratados como funcionários, não como contratados independentes.

A Lyft atingiu um total de US$ 8,1 bilhões em reservas no ano passado, quando 1,9 milhão de motoristas realizaram mais de 1 bilhão de corridas nos EUA e no Canadá, segundo documentos da abertura de capital enviados pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA. A empresa informou também prejuízo de US$ 911 milhões sobre uma receita de US$ 2,2 bilhões em 2018.

Os potenciais investidores que compareceram ao almoço afirmaram que a sessão teve boa participação e que o interesse pela oferta foi grande. A apresentação da diretoria da Lyft ocupou a maior parte do tempo e houve apenas algumas perguntas do público, disseram.

Shona Clarkson, organizadora do grupo Gig Workers Rising, disse que o protesto de São Francisco coincide com uma greve de motoristas em San Diego e Los Angeles.

Repórteres da matéria original: Olivia Zaleski em San Francisco, ozaleski@bloomberg.net;Eric Newcomer em San Francisco, enewcomer@bloomberg.net