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Mineração avança na Argentina de Macri antes de eleição difícil

Laura Millan Lombrana e Jonathan Gilbert

26/03/2019 15h07

(Bloomberg) -- A Argentina está de olho em seu primeiro grande projeto de mineração em duas décadas, impulsionado pelas políticas pró-mercado do presidente Mauricio Macri. Mas não há nenhuma garantia de que ele estará no cargo para receber o crédito.

A economia argentina está em declínio, razão pela qual o banco central elevou as taxas de juros para conter a inflação e salvar o peso, a moeda com pior desempenho entre os mercados emergentes. Isso pode abalar o caminho de Macri rumo à eleição presidencial de outubro, quando ele poderia enfrentar sua antecessora, Cristina Kirchner, uma populista capaz de desfazer muitas das políticas adotadas por Macri.

Independentemente de quem vencer em outubro, o terreno agora está preparado para uma série de investimentos em mineração, disse Mariano Lamothe, subsecretário de desenvolvimento da mineração da Argentina. Há duas semanas, a Yamana Gold, a Goldcorp e a Glencore anunciaram que estudam um plano de desenvolvimento conjunto do projeto de ouro e cobre Água Rica, no noroeste do país. A decisão de investimento pode sair dentro de alguns meses, disse Lamothe.

"Nós construímos uma base sólida", disse Lamothe, em entrevista, em Buenos Aires. "Por isso, quando o mandato do presidente Macri terminar, ele não ficará sujeito às bruscas reviravoltas que o populismo gerou no passado."

As três empresas finalizarão um estudo de viabilidade no ano que vem. O plano é combinar a mina Alumbrera, da Glencore, que começou a operar em 1997, com o projeto Água Rica, que tem reservas estimadas em cerca de 4,5 milhões de toneladas de cobre e 6,5 milhões de onças de ouro. O resultado esperado é uma vida estimada de 25 anos com produção anual de 236.000 toneladas de metal equivalente de cobre nos 10 primeiros anos.

Macri criou um clima de investimento mais seguro para as mineradoras melhorando os laços com as autoridades das províncias que têm minerais em seus territórios, disse Lamothe, acrescentando que também houve esforços para reduzir os custos e a burocracia para as empresas exploradoras.

Os esforços para melhorar as estruturas regulatórias, aumentar a transparência e solucionar questões ambientais foram "um trabalho importante e tornam o setor de mineração da Argentina mais atraente", disse Fiona Mackie, diretora da Economist Intelligence Unit para a América Latina. Mas possíveis mudanças na política monetária ou o retorno dos controles de capital deixam os investidores preocupados, disse.

"A primeira coisa que os investidores perguntam é o que acontecerá com a Argentina, e este é um mistério não resolvido", disse Gustavo Koch, diretor-executivo da Caem, a câmara de mineração da Argentina. "Esperamos algum tipo de continuidade dessas políticas sensatas."

A Argentina não recebia nenhum projeto de mineração novo e significativo desde 1997, quando começaram os trabalhos na mina de cobre e ouro Alumbrera, da Glencore. Um projeto novo e grande no país sul-americano coincidiria com a escassez de oferta e com um momento em que poucas novas minas estão sendo construídas. O Morgan Stanley listou o cobre como principal escolha entre os metais em um relatório trimestral e anunciou a expectativa de que o mercado registre déficit de 406.000 toneladas neste ano e de 187.000 toneladas no próximo.

--Com a colaboração de Natalie Obiko Pearson.

Repórteres da matéria original: Laura Millan Lombrana em Santiago, lmillan4@bloomberg.net;Jonathan Gilbert em Buenos Aires, jgilbert63@bloomberg.net