Boeing e órgão regulador tentam restaurar confiança no 737 Max
(Bloomberg) -- Após dois acidentes fatais em cinco meses, a Boeing embarcou em uma campanha para restaurar a confiança no 737 Max, para que o jato campeão de vendas volte a voar.
A companhia está reunindo nesta quarta-feira em Renton, no Estado americano de Washington, clientes e jornalistas para explicar os detalhes de uma atualização de software para ajudar pilotos a evitarem condições que investigadores relacionaram ao desastre na Indonésia em outubro. O software de prevenção de estol (perda de sustentação) também está no centro da investigação do segundo acidente fatal, ocorrido neste mês na Etiópia.
Enquanto isso, na capital americana, a Administração Federal de Aviação (FAA) informará parlamentares sobre o trabalho de supervisão dos reparos que a Boeing está fazendo no 737 Max e sobre como pretende verificar mais de perto os testes de segurança no futuro.
Esses esforços mostram o quanto está em jogo para a companhia aeroespacial americana e para seu principal órgão regulador. A Boeing precisa recuperar a confiança de clientes, passageiros e autoridades de Washington a Pequim após a crise que manchou a reputação dessa versão do 737, sua linha mais lucrativa. A FAA defende seu trabalho de supervisão do desenvolvimento e de certificação do 737Max, embora esteja elaborando ordens para a companhia consertar sistemas de segurança.
"A Boeing e a FAA abriram os olhos'', disse Richard Healing, que já integrou o Comitê Nacional de Segurança em Transporte dos EUA (NTSB) e hoje atua como consultor de segurança. "A questão é se eles conseguem ou não convencer todo mundo de que desta vez fizeram direito.''
Mudança de software
A fabricante de aviões elaborou uma atualização para o Sistema de Aumento de Características de Manobra (MCAS), segundo comunicado divulgado na noite de terça-feira. Um relatório preliminar sobre o voo 610 da Lion Air indicou que o MCAS forçou a ponta do avião para baixo várias vezes antes de o 737 Max 8 mergulhar no Mar de Java em 29 de outubro, matando 189 pessoas.
A Boeing, sediada em Chicago, submeteu à FAA uma proposta de certificação para as alterações de software em 21 de janeiro. Após simulações em aparelhos, a companhia fez um voo-teste em 7 de fevereiro e em seguida fez um "voo de certificação com a FAA'' em 12 de março. Dois dias depois, o voo 302 da Ethiopian Airlines caiu perto de Addis Ababa, matando 157 pessoas.
A Boeing pretende apresentar a atualização final do software MCAS até o fim desta semana.
Caminho longo
Possivelmente as alterações permitirão que os 737 Max voltem a voar em semanas, disse o consultor de aviação Robert Mann. No entanto, há risco de a Boeing e a FAA enfrentarem um caminho bem mais longo até que saia a liberação do jato que estreou há menos de dois anos.
A FAA está revisando as atualizações de software propostas pela Boeing. China, Canadá e União Europeia - que proibiram voos com esse tipo de aeronave antes da FAA - sinalizaram intenção de avaliar independentemente as mudanças antes de autorizar a retomada dos voos.
Seria uma ruptura histórica. Órgãos reguladores de aviação em outros países geralmente seguem os passos da FAA e aceitam suas conclusões, lembrou Peter Goelz, que já foi diretor-gerente do NTSB.
"A FAA precisará embarcar em uma missão para restaurar sua credibilidade junto a outros órgãos reguladores", disse Goelz.
Investigação federal
O processo para levar o avião de volta aos ares não envolve somente detalhes técnicos. Nos EUA, correm uma investigação em nível federal e audiências no Congresso diante do Subcomitê de Aviação e Espaço do Senado.
Outro desafio é conquistar um público com medo. Antes de o 737 Max ser proibido de voar, muitos passageiros pediram para mudar reservas após o acidente com a aeronave da Ethiopian Airlines.
Embora a FAA pareça prestes a aprovar o conserto de software, a Boeing e as autoridades ainda precisam convencer as pessoas de que o avião é seguro, disse o advogado Mark Gerchick, que já foi conselheiro geral da FAA.
--Com a colaboração de Ryan Beene.
Repórteres da matéria original: Alan Levin em Washington, alevin24@bloomberg.net;Mary Schlangenstein em Dallas, maryc.s@bloomberg.net;Richard Clough em N York, rclough9@bloomberg.net
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