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CEO da Aramco atrai US$ 100 bi em emissão recorde de títulos

Javier Blas

10/04/2019 14h45

(Bloomberg) -- Quando Amin Nasser se reuniu com investidores na semana passada no palaciano hotel St. Regis, no centro de Manhattan, o diretor-presidente da maior petrolífera do mundo tinha uma mensagem clara: estamos em nossa própria liga.

Depois de dois anos difíceis marcados por atrasos para um IPO, ceticismo de investidores sobre o valor da empresa e mudanças profundas na Arábia Saudita, o CEO do grupo estava lá com o objetivo de esclarecer uma coisa para Wall Street: "A Saudi Aramco não é uma empresa comum de petróleo", disse o engenheiro de petróleo, de 60 anos, aos presentes, segundo uma pessoa que participou do encontro.

Uma semana depois, ficou claro que os banqueiros acreditaram nele. A Aramco captou US$ 12 bilhões em títulos de dívida na terça-feira, no que foi uma das emissões com maior volume de subscrição da história. Em uma mudança incrivelmente rara, a demanda foi tão alta - acima de US$ 100 bilhões - que a empresa conseguiu fazer a captação com uma taxa de rendimento menor do que a do seu controlador, o governo saudita. Além disso, a venda representou o retorno da Arábia Saudita ao capitalismo global após ser condenada ao ostracismo devido ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no ano passado.

Para Nasser, a oferta de títulos é a apoteose de sua carreira, ainda mais notável porque as revelações trazidas seriam inconcebíveis há alguns anos. Após décadas de sigilo, a Aramco divulgou de uma só tacada seu balanço, dados dos campos de petróleo e a relação financeira com o governo, seu único acionista.

Forte reputação

"Os executivos da Aramco têm forte reputação, são honestos", disse Jim Krane, pesquisador de energia do Instituto Baker, da Universidade Rice, em Houston. "Se dizem que vão fazer alguma coisa, eles fazem."

A Aramco, que produz cerca de um em cada 10 barris de petróleo globalmente, não é apenas a empresa mais lucrativa do mundo, superando facilmente os titãs americanos como Apple e JPMorgan Chase, mas também é a galinha dos ovos de ouro que sustenta todo o reino.

Mesmo com esse histórico, a tarefa de vender dívida era assustadora. Pela primeira vez em quatro décadas, a empresa teria de prestar contas para alguém que não fosse o governo. Embora a Aramco já fosse considerada uma empresa bem administrada, comparável a qualquer concorrente internacional, a busca por investidores para os títulos exigiu todo um novo vocabulário público, já que pela primeira vez os responsáveis pela petrolífera respondiam a perguntas sobre balanços e fluxos de caixa.

Para realizar a transição, Nasser cercou-se de uma pequena equipe de executivos, que passaram do anonimato para a lista VIP de Wall Street no período de uma semana.

Para contatar o editora responsável por esta notícia: Marisa Castellani, mcastellani7@bloomberg.net