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CEO de banco nanico da Califórnia ganha o dobro que Jamie Dimon

Anders Melin e Michelle Kim

11/04/2019 12h25

(Bloomberg) -- Diretores-presidentes dos maiores bancos de Wall Street foram premiados com remuneração recorde no ano passado diante da disparada dos lucros.

A quase 4 mil quilômetros de distância, o CEO de um banco on-line pouco conhecido, nascido no auge da bolha das ponto.com, silenciosamente ganhou mais do que todos eles.

Ele se chama Gregory Garrabrants. No comando do Axos Financial - antigo Bank of Internet USA - recebeu US$ 34,5 milhões em 2018, mais do que os elevados salários de Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, e de David Solomon, do Goldman Sachs. É ainda mais impressionante considerando o quão pequeno é o banco de San Diego. Com US$ 9,8 bilhões em ativos, o Axos é pouco mais que um erro de arredondamento em comparação com os US$ 2,62 trilhões do JPMorgan.

Então, como Garrabrants conseguiu ganhar tanto dinheiro? E, mais importante, numa época em que a desigualdade de renda se tornou foco político, ele mereceu?

A resposta para a primeira pergunta está em uma complexa estrutura de pagamento mais comumente encontrada em hedge funds, que acabou sendo muito mais lucrativa do que o as estimativas do banco. Quanto à segunda, bem, é complicado. Alguns dizem que é um resultado justo para um presidente cuja remuneração estava diretamente ligada aos ganhos substanciais das ações. Outros dizem que a remuneração reflete incentivos de curto prazo que deram errado e um conselho inatingível comprometido com seu CEO. Embora as ações do Axos tenham se valorizado 72% no último ano fiscal, os detentores de quase metade desses papéis votaram contra o plano.

"Não há exigência para que o CEO mantenha o desempenho", disse John Roe, chefe da ISS Analytics, unidade da Institutional Shareholder Services, sobre o pacote de remuneração de Garrabrants. Supere seu grande obstáculo "no primeiro ano e terá conseguido. Você não precisa se preocupar mais. "

O presidente do conselho do Axos, Paul Grinberg, discorda e diz que o plano de remuneração, que entrou em vigor em 2017, alinha os interesses do CEO com os acionistas do banco no longo prazo. Além disso, a remuneração deve ser analisada "ao longo da existência do plano", que pode flutuar em valor, em vez de em um ano em particular. Grinberg também destaca a forte valorização das ações do Axos durante a gestão de Garrabrants.

"É importante olhar o desempenho da empresa", disse Grinberg em comunicado enviado por e-mail à Bloomberg. Sob a gestão de Garrabrants, "a ação do Axos, sem dúvida, tem mostrado o melhor desempenho no setor bancário".

Fundado em 1999, o Axos foi pioneiro em empréstimos on-line nos Estados Unidos e ainda não possui agências físicas. O diretor-presidente, de 47 anos, cuja carreira inclui passagens pelo Goldman, McKinsey e pelo originador de hipotecas IndyMac Bancorp, comanda o banco há mais de uma década. Desde que assumiu o posto em 2007, o valor dos ativos do Axos aumentou dez vezes, em parte graças à concessão de empréstimos esotéricos que algumas outras instituições financeiras evitaram.

--Com a colaboração de Brandon Kochkodin e Caleb Melby.