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China pondera pedido dos EUA para transferir tarifas: Fontes

Jenny Leonard e Steven Yang

15/04/2019 12h20

(Bloomberg) -- A China está considerando um pedido dos EUA para transferir tarifas sobre alguns produtos agrícolas para outros itens. De olho na eleição de 2020, o governo do presidente Donald Trump assim conseguiria convencer fazendeiros de que um eventual acordo comercial seria uma vitória para eles. A informação é de pessoas com conhecimento do assunto.

A China precisaria transferir tarifas retaliatórias que entraram em vigor em julho passado sobre US$ 50 bilhões em produtos americanos para outros itens de origem não agrícola, segundo as fontes, que pediram anonimato porque as discussões são privativas. A mudança seria necessária porque os EUA não pretendem retirar as tarifas aplicadas sobre US$ 50 bilhões em importados da China, mesmo se os dois países chegarem a um acordo para resolver a guerra comercial, segundo uma das pessoas ouvidas pela reportagem.

Outra pessoa afirmou que, como parte de um acordo final, a China consideraria a transferência de tarifas para se alinhar a uma proposta para comprar US$ 30 bilhões a mais por ano em produtos agrícolas dos EUA ? quantia adicional ao nível comprado antes do começo da guerra comercial. Em resposta a taxas adotadas pelos EUA, a China aplicou em julho tarifas punitivas sobre produtos como soja, milho, trigo, algodão, arroz, carne bovina, suína e de frango.

Um porta-voz do gabinete do Representante Comercial dos EUA não retornou imediatamente a solicitação de comentário da reportagem. O Ministério do Comércio da China não respondeu perguntas enviadas por fax.

Custo político

A troca em estudo mostra que os dois lados estão levando em conta questões políticas nas negociações para encerrar a guerra comercial, que perturba os mercados financeiros há meses. Parece improvável um desfecho no qual todas as tarifas punitivas sejam retiradas. Trump está talhando a mensagem da campanha para a reeleição e continua ameaçando União Europeia, Índia e outros países com medidas comerciais.

As fontes não detalharam para quais produtos as tarifas maiores seriam transferidas. Aeronaves e peças, semicondutores, automóveis e produtos químicos são destaques da pauta de importação.

A China também pode agir sobre barreiras não tarifárias que afetaram os produtos agrícolas. O Ministério do Comércio avisou nesta segunda-feira em Pequim que vai rever se mantém medidas antidumping e contra subsídios aplicadas sobre um subproduto do etanol de milho que é adicionado à ração animal.

No final de semana, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, declarou "tomara que (EUA e China) estejam chegando muito perto da rodada final" e ponderando se devem realizar mais conversas ao vivo. Ele também disse que o governo americano está aberto a "repercussões" se não cumprir o que prometeu em um potencial acordo comercial ? sinal de que os dois lados estão mais próximos de um acordo.

Segundo a proposta, a China se comprometeria a comprar mais commodities dos EUA (incluindo soja e produtos energéticos) até 2025 e permitiria 100 por cento de controle estrangeiro às empresas americanas que operam na China. Se essa promessa não for cumprida, o país se abriria a retaliação pelos EUA, informaram pessoas a par do assunto no começo de abril.

--Com a colaboração de Shuping Niu e James Mayger.

Repórteres da matéria original: Jenny Leonard em Washington, jleonard67@bloomberg.net;Steven Yang em Beijing, kyang74@bloomberg.net