Opep arrisca caso siga com cortes da produção, dizem analistas
(Bloomberg) -- Depois de conseguir recuperar as cotações do petróleo com cortes na produção, a Opep corre o risco de desperdiçar novamente sua vitória ao permitir que os preços subam muito.
No primeiro trimestre, os cortes coordenados da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados impulsionaram o petróleo para o maior nível em quase uma década, elevando as cotações para cerca de US$ 70 o barril.
A Arábia Saudita, a mais poderosa do grupo, deixou claro que está determinada a manter a oferta reduzida. Com isso, corre-se o risco de uma repetição do que ocorreu em 2018, quando os cortes de produção elevaram as cotações para o maior patamar em quatro anos, provocando críticas do presidente Donald Trump e uma reversão apressada dos cortes pelo governo saudita.
"Parece que o grupo de produtores está apertando demais o mercado", disse Ed Morse, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup, em Nova York.
A Opep e seus parceiros lançaram uma nova rodada de cortes de produção no início do ano, diante dos sinais de que a expansão da produção de xisto dos EUA e o frágil crescimento da demanda global levariam a um excedente de oferta. Mas, à medida que o grupo implementa os cortes e os estoques são cada vez mais pressionados pelas crises na Venezuela e no Irã, o risco de escassez aumenta.
Se o grupo continuar cortando a produção, os estoques globais de petróleo devem encolher em quase 1 milhão de barris por dia no terceiro trimestre, a maior queda em quase dois anos, segundo dados da organização. No entanto, o grupo só deve decidir sobre a continuidade da política de cortes na reunião programada para o final de junho.
A pressão sobre os mercados pode aumentar ainda mais. Um conflito sacode a Líbia, produção despenca na Venezuela diante da crise econômica e os EUA decidem em breve se aumentam as sanções às exportações de petróleo do Irã.
"Não há dúvida de que, em um cenário em que o petróleo Brent chegue a US$ 80, o presidente Trump manifestará sua preocupação", disse Harry Tchilinguirian, chefe da estratégia de mercados de commodities do BNP Paribas.
Buscar cotações mais altas também poderia prejudicar a importante aliança dos sauditas com a Rússia, que tem cooperado com a Opep no acordo de redução da oferta. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse na semana passada que se sente confortável com os preços atuais e que é muito cedo para decidir se a produção deve ser reduzida no segundo semestre.
Para contatar o editora responsável por esta notícia: Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net
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