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Garde, de Giufrida, enfrenta mais de R$ 3,5 bi em resgates

Felipe Marques e Vinícius Andrade

18/04/2019 07h00

(Bloomberg) -- O fundo multimercado Garde D'Artagnan Master tem um dos melhores desempenhos do Brasil no período de cinco anos. Alguns investidores, porém, não estão dispostos a esperar tanto.

O principal fundo da Garde Asset Management teve cerca de R$ 3,7 bilhões em resgates líquidos nos últimos 12 meses, o que levou a uma queda de 42 por cento no total de ativos do fundo, segundo dados compilados pela Bloomberg. As retiradas aceleraram no ano passado, em meio à performance negativa dos mercados de câmbio e de renda fixa.

"Crescemos muito em 2017 e, no ano passado, nosso retorno foi abaixo da meta que colocamos para o fundo, então alguns novos investidores decidiram sair", disse Marcelo Giufrida, CEO e sócio-fundador da Garde, em uma entrevista na sede da empresa em São Paulo.

Os ativos do fundo D'Artagnan, da Garde, cujo nome homenageia um personagem de "Os Três Mosqueteiros", triplicaram em 2017, um ano de captação recorde para os multimercados brasileiros, já que as taxas de juros caindo para os níveis mais baixos da história levaram investidores a buscar produtos de maior rendimento. O fundo, que foi fechado para aportes desde então, ainda tem R$ 5 bilhões sob gestão, um dos maiores entre os gestores independentes de fundos no Brasil. Giufrida disse que pode reabri-lo ainda este ano, mas a decisão não está tomada.

"Ano passado foi desafiador, mas o ritmo das saídas já diminuiu", disse.

O retorno de 3,7 por cento do ano passado colocou o fundo entre os 10 piores em uma lista de 148 de fundos similares, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. É um contraste e tanto com o retorno de 121 por cento do fundo de cinco anos, o sétimo melhor na lista dos 10 melhores. O fundo se recuperou desde então, registrando retornos que este ano que estão acima do CDI.

Giufrida, que fundou a Garde em 2013 após 12 anos na gestora do BNP Paribas, disse que ele e o diretor de investimentos Carlos Calabresi estão enfrentando os saques com medidas que incluem mudanças de pessoal. William Leite, ex-trader do Credit Suisse Group AG, ingressou na empresa no ano passado e agora lidera sozinho a mesa de ações, enquanto Guilherme Camacho deixou a empresa, em setembro. Leonardo Moraes, também ex-Credit Suisse, juntou-se em maio passado como chefe de uma nova mesa de opções.

Nos últimos 12 meses, 10 pessoas saíram e sete foram trazidas, com Giufrida planejando outras duas contratações em breve.

A Garde também lançou dois novos fundos: um fundo de previdência chamado Aramis, em agosto, e um fundo long biased chamado Athos, em dezembro, para investidores de ações. A Garde também está lançando novos fundos "feeder" de seu principal produto, de olho em investimentos de fundos de pensão e de family offices.

Para impulsionar os retornos de 2019, o ativo preferido de Giufrida é a moeda brasileira, que ele diz estar "excessivamente" desvalorizada em relação aos fundamentos. O ativo que menos gosta no momento são os juros, argumentando que um atraso na aprovação da reforma da Previdência reduz a chance de cortes na taxa básica, à medida que o Banco Central passa a mirar metas de inflação mais baixas para 2020 e 2021.

Quanto aos resgates, Giufrida diz que os esforços estão sendo redobrados para contê-los.

"Um ano ruim vem para todos e eu respeito a decisão de alguns investidores de sair", disse Giufrida. "O que podemos fazer é trabalhar mais: chegar mais cedo no escritório e sair mais tarde."

--Com a colaboração de Cristiane Lucchesi.