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Em conferência de bilionários, capitalismo ainda é bom negócio

Sonali Basak

26/04/2019 16h23

(Bloomberg) -- Em um ano no qual bilionários são alvos políticos e líderes de Wall Street demonstram publicamente sua preocupação com o futuro do capitalismo, muitos buscam refúgio entre amigos na ensolarada Califórnia.

Titãs em aquisições, banqueiros, políticos, magnatas do entretenimento e até mesmo atletas profissionais estão entre as centenas de participantes da Conferência Global Milken, que começa em Los Angeles este fim de semana. Com socialistas do Partido Democrata ganhando destaque no noticiário nacional e candidatos à presidência debatendo a tributação dos mais ricos, o evento escolheu um tema que aborda essas preocupações: "Impulsionar a prosperidade compartilhada".

Mas, para muitos participantes, o objetivo principal ainda é puramente fazer negócios. Alguns participantes disseram que preferem a conferência de Los Angeles ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, porque atrai mais gigantes da indústria à procura de negócios, em vez de palestras sobre maneiras de mudar o mundo.

"Em Davos, você está mais inclinado a estar sujeito aos caprichos do mundo", disse Eric Cantor, o ex-líder da maioria da Câmara de Deputados, agora na butique de investimentos Moelis & Co. Milken "é muito mais um encontro de pessoas que estão seriamente buscando investir capital".

Só o fato de participar já é um investimento. Os ingressos são vendidos a partir de US$ 15 mil e podem custar o triplo, dependendo dos assentos e outras vantagens, como uso de um lounge executivo.

"Além de mim, pelo menos sete banqueiros planejam ir", disse Mark Fedorcik, copresidente do banco de investimento do Deutsche Bank. O executivo organiza um jantar anual em que dezenas de grandes clientes podem contar com a presença de Michael Milken, o fundador do evento. Fedorcik disse que fez contatos em conferências anteriores que repetidamente renderam negócios para o banco. "Sim, tem a ver com fazer negócio."

O encontro atrai uma rara concentração de riqueza. Pelo menos 11 palestrantes na agenda estão listados no Índice de Bilionários da Bloomberg, com um patrimônio líquido combinado superior a US$ 100 bilhões. Entre eles estão Leon Black, da Apollo Global Management, Steve Schwarzman, da Blackstone, e Tom Barrack, do Colony Capital. E isso sem contar o público, onde participantes com patrimônio líquido na casa de 10 dígitos podem circular discretamente.

Líderes do setor financeiro, como o presidente do Goldman Sachs, David Solomon, e o diretor-financeiro do Wells Fargo, John Shrewberry, também têm palestras programadas. Alguns de seus maiores clientes podem estar na sala.

--Com a colaboração de Gillian Tan, Christopher Palmeri e Tom Metcalf.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net