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Polêmica aquisição da Monsanto domina assembleia da Bayer

Tim Loh e Naomi Kresge

26/04/2019 09h45

(Bloomberg) -- O presidente do conselho da Bayer, Werner Wenning, demonstrou seu apoio ao criticado presidente da empresa química, Werner Baumann, defendendo a aquisição da Monsanto em meio às preocupações de acionistas em relação ao acordo antes de um voto de confiança crucial.

Wenning e Baumann procuraram tranquilizar os acionistas, mesmo quando centenas de manifestantes do lado de fora do local onde era realizada a assembleia anual mostravam a efígie do CEO sobre fardos de feno e gritavam "vergonha", encorajando investidores a "votar contra a destruição de nossa Terra". O edifício estava tão cheio que os atrasados eram levados a um local para assistir aos procedimentos nos telões.

"O conselho fiscal está convencido de que a estratégia da gerência, incluindo a aquisição da Monsanto, foi o caminho certo", disse Wenning no evento em Bonn. "Temos a mais completa confiança de que a Bayer, sob a liderança de Baumann, será muito bem-sucedida."

A Bayer está confiante de que será capaz de reduzir a incerteza jurídica envolvendo o Roundup, o polêmico herbicida herdado com a aquisição da Monsanto por US$ 63 bilhões no ano passado, disse Baumann. O executivo prometeu continuar enfrentando a crescente onda de processos judiciais nos Estados Unidos alegando que o glifosato, principal ingrediente do herbicida, é cancerígeno.

"Estamos trabalhando implacavelmente", disse Baumann. O impacto sobre as ações da Bayer tem sido "decepcionante e doloroso".

"A aquisição da Monsanto representa uma ruptura na história corporativa da Bayer", disse Janne Werning, analista ambiental, social e de governança da Union Investment, que não apoiará o comando da Bayer na assembleia. "É razoável questionar se isso pode se transformar em uma história de sucesso. Porque, mesmo que a lógica industrial do acordo continue a ser comprovada, os riscos legais e de reputação já se materializaram."

Um porta-voz da Bayer se recusou a comentar sobre os votos dos acionistas. A empresa defendeu a aquisição da Monsanto e disse que seus executivos revisaram diligentemente os riscos associados ao Roundup. A empresa tem afirmado repetidamente que não há provas científicas de que o glifosato seja cancerígeno.

Os principais acionistas têm evitado pedir a substituição de Baumann. Um novo líder vindo de fora da Bayer precisaria de muito tempo para se orientar, disse Ingo Speich, chefe de sustentabilidade e governança corporativa da Deka Investment, em entrevista esta semana.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Fernando Travaglini, ftravaglini@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Tim Loh em Munich, tloh16@bloomberg.net;Naomi Kresge em Berlin, nkresge@bloomberg.net