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Mercado de petróleo continua à espera de maior exportação da AL

Peter Millard e Amy Stillman

20/05/2019 08h36

(Bloomberg) -- Com o colapso do outrora potente setor de energia da Venezuela e o principal campo de petróleo do México em rápido declínio, o Brasil emergiu como o país da América Latina com melhores perspectivas para aumentar as exportações da commodity este ano.

A Petrobras tem meta de aumentar a produção em 10% em 2019. Em contraste, a produção da Venezuela caiu para o menor nível desde pelo menos 2002 sob a pressão das sanções dos Estados Unidos, e qualquer recuperação é incerta sem uma mudança de governo. Enquanto isso, o México, maior produtor da região no início desta década, tenta recuperar sua petroleira estatal após anos de negligência e alto endividamento.

Mas, apesar do apoio do governo Jair Bolsonaro, os planos da Petrobras para aumentar significativamente a produção não são garantidos. A produção caiu no primeiro trimestre em meio aos intensos trabalhos de manutenção e complicações para iniciar a operação em uma grande plataforma. Em maio, a Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu sua estimativa de crescimento de 2019 para o Brasil em 18%, para 265 mil barris por dia, mesmo com novos megaprojetos entrando em produção.

O aumento da produção no pré-sal tem compensado principalmente a queda de produtividade de poços na Bacia de Campos. Mesmo as sete novas plataformas flutuantes da Petrobras, que têm capacidade combinada suficiente para superar a produção da Colômbia, não são uma bala de prata.

"Todos os anos, o cálculo é de 300 mil barris por dia, e isso nunca acontece devido ao declínio na Bacia de Campos e à manutenção do campo. Este ano pode crescer apenas marginalmente", disse Robert Campbell, diretor de produtos petrolíferos globais da Energy Aspects. "É o melhor que os maiores produtores latino-americanos podem conseguir."

A Energy Aspects, com sede em Nova York, cortou sua previsão de crescimento para o Brasil este ano em 110 mil barris por dia em abril, antes da decisão da AIE. Além do Brasil, a perspectiva de exportações extras é importante porque os mercados globais de petróleo foram afetados pela escalada das tensões no Oriente Médio e pela preocupação com a Líbia, Irã e Venezuela.

A produção da Petrobras se recuperou em abril e em maio em relação a uma queda maior do que a esperada no primeiro trimestre, disse Carlos Alberto Pereira de Oliveira, diretor de exploração e produção da estatal, em teleconferência na semana passada, onde reiterou a estimativa de crescimento da empresa. A nova frota de unidades de produção está se aproximando da capacidade, e a empresa estabilizou o declínio dos poços na Bacia de Campos, garantindo um sólido crescimento, disse.

Mesmo se o Brasil ficar abaixo da meta, sua posição é melhor do que a do México, onde a produção caiu para o menor nível desde 1990 no ano passado. Alguns campos tradicionais da Pemex estão com a produtividade afetada depois de anos de baixo investimento, e não há um pipeline de grandes projetos de substituição, como o do pré-sal no Brasil. A recente abertura do mercado de petróleo que atraiu petroleiras estrangeiras ao México só produzirá crescimento significativo depois de 2020, disse Maria Cortez, gerente sênior de pesquisa da Wood Mackenzie, em Houston.

"Se a reforma energética tivesse acontecido seis anos antes, poderíamos ver uma maior produção agora, mas não foi o que aconteceu", disse Cortez em entrevista por telefone.

--Com a colaboração de Amy Stillman e Fabiola Zerpa.

Para contatar o editora responsável por esta notícia: Alessandra Ribeiro, aribeiro43@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Peter Millard em Rio De Janeiro, pmillard1@bloomberg.net;Amy Stillman em Cidade do México, astillman7@bloomberg.net