Murray Cox, o ativista que tenta desmascarar o Airbnb
(Bloomberg) -- Murray Cox deu uma risadinha quando foi convidado para uma reunião com representantes do Airbnb no centro de Manhattan, em fevereiro.
Há quatro anos, Cox tem publicado informações que retratam o Airbnb como um vilão do mercado imobiliário nas grandes cidades, mas a empresa nunca havia entrado em contato com ele antes. Um encontro foi marcado em uma sala de reuniões da WeWork na Broadway, do outro lado da rua onde fica o escritório do Airbnb, em Nova York. A localização era adequada? O Airbnb perguntou a Cox. "Bem, sim", pensou Cox, ou ele poderia simplesmente descer as escadas, já que trabalha no mesmo prédio que o Airbnb, perto o suficiente para se conectar ao Wi-Fi da empresa.
Durante o dia, Cox trabalha no 27º andar de um arranha-céu corporativo como vice-presidente de uma startup de tecnologia, disfarçadamente pegando o mesmo elevador com funcionários do Airbnb, que ficam no 26º andar. À noite, o executivo de 46 anos geralmente se senta em seu sofá no Brooklyn para vasculhar o site do Airbnb, fornecendo estatísticas precisas sobre cidades ao redor do mundo que tentam controlar a gigante de compartilhamento de residências em constante expansão.
Cox usa os dados do próprio Airbnb contra a empresa, destacando milhares de anúncios ilegais na plataforma que, segundo ele, distorcem o mercado imobiliário. Para Cox, o Airbnb é "uma corporação repugnante que pensa que está mudando o mundo quando, na verdade, está causando impactos negativos". E, por muito tempo, o Airbnb tem criticado Cox, publicamente atacando seu trabalho e acusando-o de trabalhar para o setor hoteleiro. Um porta-voz australiano do Airbnb chamou seu site de "lixo".
Mas como o Airbnb, avaliado em US$ 31 bilhões, se prepara para um IPO no ano que vem, as exigências estão mudando. A empresa, com sede em São Francisco, precisa fazer as pazes com Nova York, seu maior mercado nos Estados Unidos, onde trava uma batalha sobre regulamentação. Para isso, precisa negociar um cessar-fogo com Cox, cujos dados levam o governo local a adotar uma postura ainda mais dura.
A porta-voz do Airbnb, Liz DeBold Fusco, entrou em contato com Cox no começo deste ano depois de alguns bate-bocas no Twitter e o convidou para "uma conversa real sobre o caminho a ser seguido no compartilhamento de residências" em Nova York.
"As pessoas me descrevem como cão de guarda contra o Airbnb", disse Cox em entrevista, vestindo uma camisa jeans e tênis Nike, enquanto pega um prato de legumes e tofu em um restaurante de noodles de Manhattan. É um rótulo que ele rejeita. "Sou apenas um ativista de moradia. Acredito que a moradia é um direito humano; não é uma ferramenta econômica ou uma mercadoria."
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