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Rali da Bitcoin esconde uma realidade: quase ninguém usa a moeda

Olga Kharif

31/05/2019 13h24

(Bloomberg) -- A Bitcoin tem um problema que poucas pessoas comentam em meio à exuberância renovada do recente aumento de preços.

Quase ninguém está usando a criptomoeda de maior negociação do mundo, a não ser para especular. Dados da Chainalysis, uma consultoria de blockchain com sede em Nova York, mostram que apenas 1,3% das transações econômicas veio de comerciantes nos primeiros quatro meses de 2019, com pouca variação em relação aos ciclos de alta e baixa dos dois anos anteriores.

Empresas como a AT&T agora permitem que os clientes paguem as faturas com criptomoedas, mas o problema é que poucos especuladores querem usar moedas digitais para pagar por serviços móveis, quando o preço do ativo digital pode subir outros 50% em questão de semanas. Esse é o principal dilema da criptomoeda: a Bitcoin precisa da euforia para atrair usuários em larga escala e ser considerada uma alternativa eletrônica viável ao dinheiro. No entanto, a moeda desenvolveu uma cultura de "hodlers", aqueles que preferem acumular em vez de gastar.

"A atividade econômica da Bitcoin continua a ser dominada pelas negociações de câmbio", disse Kim Grauer, economista sênior da Chainalysis, em e-mail. "Isso sugere que o principal uso da Bitcoin permanece especulativo, e o uso mainstream para compras diárias ainda não é uma realidade."

A cotação da Bitcoin mais do que duplicou desde janeiro, para quase US$ 9.000. A criptomoeda original disparou 1.400%, para quase US$ 20.000 em 2017, mas caiu mais de 70% no ano passado.

As transações de comerciantes com a Bitcoin ainda estão abaixo do pico no fim de 2017, quando o segmento representava 1,5% da atividade total com a criptomoeda durante o ápice da bolha. O uso da moeda digital em estabelecimentos comerciais caiu para 0,9% no ano passado, quando o preço da Bitcoin despencou antes de começar a se recuperar em 2019, segundo a Chainalysis.