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Soja pode embarcar em rali com previsão de mais chuvas nos EUA

Michael Hirtzer

24/06/2019 08h29

(Bloomberg) -- Os preços do milho estão nas alturas. Em breve, a soja também pode embarcar em um rali.

Com mais previsão de chuvas para o Centro-Oeste dos Estados Unidos, o plantio da oleaginosa está ameaçado, o que leva os hedge funds a deixarem de lado suas apostas pessimistas. Ao mesmo tempo, o milho está perto do maior ganho trimestral desde 2010 e os fundos apostam que há mais espaço para valorização, elevando suas posições compradas líquidas para o nível mais alto em um ano.

Os campos ainda estão inundados, o que impede a semeadura e coloca em risco a produtividade. As previsões ainda são de tempo mais frio e úmido do que o normal. O Departamento de Agricultura dos EUA deve atualizar sua estimativa de plantio em 28 de junho, mas analistas e operadores acreditam que os números da agência estarão defasados e não refletirão totalmente o impacto do dilúvio.

"A maioria das pessoas diria que este levantamento vai estar um pouco velho", disse Rich Nelson, estrategista-chefe da Allendale, em McHenry, no estado de Illinois, em referência ao relatório do USDA.

Nas próximas semanas e meses, a agência provavelmente terá que revisar para baixo as estimativas tanto da área plantada de soja quanto da produtividade para refletir grandes atrasos do plantio nos EUA, disse Nelson. Isso poderia impulsionar os preços da soja, que ficaram para trás diante da disparada das cotações do milho. Os contratos futuros de rolagem mais ativos estão perto de um ganho inferior a 6% este trimestre, enquanto o grão subiu cerca de 28%.

Os preços da soja estão defasados por um motivo. Nos EUA, a oleaginosa pode ser plantada mais tarde do que o milho na primavera. Em meio às fortes chuvas, alguns analistas previam que o clima acabaria melhorando e os agricultores plantariam mais soja. Isso significaria uma produção maior em um momento em que a demanda já sofre em meio à guerra comercial EUA-China.

Mas, com as previsões de mais chuvas torrenciais, esse cenário se torna menos provável.

Espera-se que o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, se encontrem nos bastidores da cúpula do Grupo dos 20 que começa dia 28 de junho no Japão. Qualquer sinal de alívio nas tensões também poderia provocar uma alta nos preços da soja. A China é a maior importadora de soja do mundo.

Enquanto isso, as tradings de grãos se posicionam para um impacto prolongado das chuvas nos EUA. A Cargill informou que iniciou planos de mitigação para as inundações em instalações de grãos ao longo dos rios Mississippi e Illinois.

"Os impactos das inundações e outros eventos continuarão durante o plantio de 2019 até a colheita", disse April Nelson, porta-voz da Cargill, em comunicado.

--Com a colaboração de Mario Parker.