Reforma da Previdência pode impulsionar ainda mais o real
(Bloomberg) -- Se a reforma da Previdência for bem-sucedida, o real poderá superar os percalços globais e até um crescimento mais fraco do PIB este ano, segundo o analista que mais acertou as projeções para a moeda.
Os investidores estão cada vez mais focados no debate sobre a reforma da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro, disse Diego Ruiz, analista da Acciones y Valores, de Bogotá, que conquistou a posição de melhor analista do real no ranking da Bloomberg para o último trimestre.
"O que nos deixa mais otimistas é a capacidade que Bolsonaro tem de entregar a reforma da Previdência", disse Ruiz. "Precisamos lembrar que o principal 'driver' agora está mais relacionado a fatores locais do que internacionais."
Ruiz se manteve firme em suas projeções para o real ao longo do demorado processo para a reforma, marcada por atrasos e divergências. O analista tem mantido suas estimativas para a moeda inalteradas desde janeiro, mas disse vai atualizar os números "em breve". Este ano, o dólar atingiu a mínima de R$ 3,6471, e a máxima de R$ 4,0987.
Ruiz vê o real subindo quase 4% em relação à cotação atual, para R$ 3,65 até o fim do trimestre e acredita que a moeda deva subir ainda mais, para R$ 3,6 até dezembro.
O real se valorizou 1,8% no último trimestre, superando o índice amplo de moedas MSCI EM depois que a nova postura dovish do Federal Reserve e o otimismo em relação à reforma da Previdência impulsionaram os mercados.
Daí para frente, ganhos vão depender de uma resolução das tensões comerciais e do estado da economia global, disse Ruiz. EUA e China são os dois maiores parceiros comerciais do Brasil e, para o real continuar subindo, os dois países terão que chegar a algum tipo de resolução, afirmou.
A própria economia doméstica é outra barreira para ganhos sustentados da moeda.
"Uma das grandes vulnerabilidades é a economia do Brasil", disse Ruiz. "Vemos a taxa de crescimento um pouco abaixo das expectativas do Banco Central."
A equipe econômica reduziu as previsões para o crescimento do PIB de 2019 na semana passada, dizendo que a economia vai crescer apenas 0,8% este ano em relação à estimativa anterior de 2% em março.
Embora Ruiz acredite que um Fed mais dovish possa abrir espaço para o Banco Central avaliar um corte dos juros, o que poderia dar à economia um impulso muito necessário, os desafios são significativos. Traders precificam um corte da Selic a partir deste mês.
Não que isso importe por enquanto, no que diz respeito ao real.
"O debate sobre a reforma será o principal 'driver' a curto prazo", disse Ruiz.
Para contatar o editora responsável por esta notícia: Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net
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