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Índia suspende missão à Lua por "problema técnico"

Anurag Kotoky, Ganesh Nagarajan e Zoya Khan

15/07/2019 07h40

(Bloomberg) -- A Índia teve de suspender sua segunda missão à Lua depois de descobrir um problema de última hora, um revés para seu ambicioso plano de se tornar o primeiro país a pousar no polo sul do vizinho mais próximo da Terra.

A missão, chamada Chandrayaan-2, que significa "veículo lunar" em sânscrito, foi cancelada 56 minutos antes do lançamento programado para a manhã de segunda-feira por causa de "um obstáculo técnico", disse a Organização Indiana de Pesquisa Espacial. A ISRO, o equivalente à NASA no país, vai agendar outro lançamento. Um porta-voz não retornou ligações pedindo comentários sobre o novo prazo e o problema técnico.

O pouso programado para 6 de setembro teria incluído a Índia em um clube de elite formado pela antiga União Soviética, Estados Unidos e China, que realizaram um pouso suave na lua, em que os veículos aterrissam sem causar danos. Países exploradores do espaço, bem como bilionários como Jeff Bezos, Elon Musk e Richard Branson, disputam uma corrida espacial não oficial, desde o lançamento de satélites até o envio de astronautas e turistas para o espaço.

A Índia se especializou em lançamentos espaciais de baixo custo desde o início dos anos 1960, quando partes de foguetes eram transportadas de bicicleta e montadas à mão dentro da Igreja de Santa Maria Madalena, em Thumba, uma vila de pescadores próxima do extremo sul da península indiana. O país enviou um orbitador a Marte com um orçamento equivalente a um décimo do custo da sonda Maven, da NASA e, em 2017, lançou um recorde de 104 satélites.

A próxima prioridade da ISRO é a missão Gaganyaan, de US$ 1,4 bilhão, que tem como objetivo colocar três "gaganautas" índios - pelo menos um dos quais será uma mulher - em órbita. O plano, divulgado com um anúncio-surpresa pelo primeiro-ministro Narendra Modi no ano passado, colocará o país do sul da Ásia no caminho para se tornar o quarto a enviar humanos ao espaço.

O objetivo da missão é explorar o território virgem na superfície lunar e analisar amostras de crosta em busca de sinais de água e hélio-3. Esse isótopo é limitado na Terra, mas tão abundante na Lua que teoricamente poderia atender à demanda global de energia por 250 anos se aproveitada. A primeira missão da Índia à Lua - Chandrayaan-1 - foi lançada em outubro de 2008, completou mais de 3.400 órbitas e lançou uma sonda que descobriu moléculas de água na superfície pela primeira vez.

Repórteres da matéria original: Anurag Kotoky em Nova Delhi, akotoky@bloomberg.net;Ganesh Nagarajan em Chennai, gnagarajan1@bloomberg.net;Zoya Khan em N York, zkhan79@bloomberg.net