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Regime de Maduro consegue movimentar fundos por Banco da Espanha

Patricia Laya

09/09/2019 15h17

(Bloomberg) -- Como um número crescente de bancos em todo o mundo se recusa movimentar fundos em nome do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o país encontrou um aliado no Banco da Espanha, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto.

O banco central da Venezuela depende cada vez mais da instituição espanhola para transferir e receber fundos do exterior em um momento em que sanções dos Estados Unidos levaram muitos grandes bancos e instituições financeiras a evitar qualquer relação real ou aparente com o regime socialista.

Funcionários do banco central venezuelano dizem aos fornecedores que utilizar o Banco da Espanha é uma opção para fazer e receber pagamentos fora do país, embora avise que as transações podem demorar pelo menos um mês para serem liberadas devido ao maior controle, disse uma das pessoas.

Em comunicado enviado por e-mail, um porta-voz do Banco da Espanha disse que a conta mantida pela Venezuela é usada para pagar despesas operacionais relacionadas às relações diplomáticas entre ambos os países e por organizações supranacionais para enviar fundos para os escritórios na Venezuela, uma vez que a via bancária comercial não pode ser usada. O saldo da conta é "relativamente pequeno e não teve variação significativa no último ano", segundo o comunicado.

O governo espanhol tem conseguido habilmente manter relações com Maduro e com o opositor Juan Guaidó, que é reconhecido por mais de 50 países como o líder legítimo do país devastado pela crise. Enquanto um dos principais aliados de Guaidó, Leopoldo López, vive na residência oficial do embaixador espanhol em Caracas há meses, o governo espanhol ainda mantém relações regulares com Maduro e seus aliados.

A ajuda do Banco da Espanha chega em um momento crítico para a administração de Maduro, depois que o estatal Ziraat Bank, o maior banco da Turquia em ativos, suspendeu seus serviços para movimentar fundos. O sistema financeiro dos EUA está indisponível e, às vezes, os fornecedores precisam esperar semanas para encontrar uma conta para fazer pagamentos ao governo. Muitas vezes, acabam dependendo de instituições financeiras distantes, da Europa Oriental à Ásia.

Um funcionário da assessoria de imprensa do banco central da Venezuela enviou perguntas ao presidente do banco, Calixto Ortega, que não respondeu aos pedidos de comentários.

Como consequência do aumento dos controles - e acesso muito limitado a dólares -, o banco central da Venezuela tem realizado mais transações em euros, às vezes oferecendo aos clientes locais acesso a euros em dinheiro. Essa mudança tornaria o Banco da Espanha uma opção atraente em relação a outros bancos fora da zona do euro.

A disposição do Banco da Espanha de movimentar fundos da Venezuela é legal dentro do sistema bancário correspondente, no qual países, empresas e consumidores enviam trilhões de dólares em pagamentos ao redor do mundo. Em alguns casos, os bancos correspondentes aumentam o escrutínio ao lidar com países sujeitos a sanções financeiras ou identificados com riscos de lavagem de dinheiro.

Na Europa, a Espanha recebe de longe o maior número de migrantes venezuelanos que fogem do caos em seu país de origem. Embora a Espanha reconheça Guaidó como o legítimo líder do país, ainda acolhe o embaixador designado Maduro em Madri, além de um representante escolhido pela oposição.

--Com a colaboração de Alex Vasquez, Jose Enrique Arrioja e Jeannette Neumann.

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net