Carros elétricos enfrentam mercado desafiador sem incentivos
(Bloomberg) -- Montadoras tradicionais precisaram de apenas uma década para levar os carros elétricos a sério e oferecer mais do que alguns modelos experimentais.
Agora, vem a parte mais difícil: convencer consumidores a comprá-los.
No Salão do Automóvel de Frankfurt de 2019, o presidente da Volkswagen, Herbert Diess, foi enfático, pedindo que governos desistiam da energia a carvão enquanto apresentava o modelo elétrico ID.3 para as massas. No estande da Mercedes-Benz, onde a marca da Daimler exibia o protótipo de um irmão elétrico do S-Class, folhas de faias reais emolduravam enormes telas exibindo cardumes de peixes digitais.
A mensagem para consumidores ambientalmente conscientes: "estamos do seu lado". Mas apenas uma jogada de marketing não é suficiente para eliminar as profundas incertezas que marcam os carros elétricos - obstáculos que mudaram pouco desde as incursões iniciais das montadoras com modelos como o Nissan Leaf e o i3, da BMW. Consumidores não gostam de pagar mais por novas tecnologias sobre as quais não se sentem seguros e estão preocupados com o fato de não chegarem com segurança aonde querem ir.
"A próxima grande novidade não será sobre os carros, porque eles virão", disse na quarta-feira Carlos Tavares, presidente da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis e CEO da Groupe PSA. "A próxima grande novidade será sobre mobilidade acessível, sobre como fazemos isso funcionar para o maior número de pessoas."
Até agora, os carros elétricos só proliferaram em países com significativos incentivos. Quando são reduzidos, as vendas dos modelos movidos a bateria despencam. A demanda na China, o maior mercado de veículos elétricos do mundo, encolheu 16% em agosto - a segunda queda seguida - depois que o governo reduziu os subsídios. As montadoras podem cortar os preços, mas isso apenas diminui a rentabilidade que, na maioria dos casos, é inexistente.
Os consumidores são igualmente sensíveis em outros lugares. A demanda na Dinamarca despencou quando o governo eliminou gradualmente os incentivos fiscais em 2016.
"Estamos conversando sobre veículos elétricos há anos, mas este ano os carros de produção real apareceram", disse Max Warburton, analista do Sanford C. Bernstein, em nota aos clientes. "Deveríamos estar comemorando esses carros, dadas as fracas margens que a maioria terá?"
Na Europa, as vendas de novos híbridos plug-in e carros totalmente elétricos no ano passado representaram 2% do total de licenciamentos. É um mercado pequeno para comportar modelos como o ID.3 da Volks, com um preço abaixo de 30 mil euros (US$ 33 mil), o Model 3 da Tesla e a linha de plug-ins da Mercedes. No entanto, as montadoras têm pouca escolha a não ser aumentar a oferta para acompanhar a regulamentação ou enfrentar multas.
--Com a colaboração de Richard Weiss.
Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
Repórteres da matéria original: Oliver Sachgau em Munich, osachgau@bloomberg.net;Christoph Rauwald em Frankfurt, crauwald@bloomberg.net
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