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Para comprar petróleo venezuelano, basta ir à Cidade do Panamá

Lucia Kassai

19/09/2019 11h12

(Bloomberg) -- Os importadores de petróleo venezuelano costumavam visitar o prédio em frente à sede da Petroleos de Venezuela, em Caracas. Não mais.

Agora, o destino é um arranha-céu em forma de espiral, popularmente conhecido como "O Parafuso", na Cidade do Panamá, sede do escritório da Rosneft Oil, segundo pessoas a par do assunto. O escritório, onde trabalham três traders de petróleo, dois dos quais foram funcionários da PDVSA, ajudou a Rosneft a negociar 70% de todo o petróleo exportado pela Venezuela em agosto, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A Rosneft assumiu um papel mais ativo no comércio de petróleo venezuelano depois que os EUA reforçaram as sanções no início do ano ao país, em uma tentativa de depor o presidente Nicolás Maduro. Como a PetroChina, subsidiária da China National Petroleum e maior importadora de petróleo venezuelano antes das sanções, suspendeu os carregamentos em agosto e setembro, a Rosneft recebeu volumes maiores de petróleo venezuelano, assim como Cuba e a Nynas, subsidiária da PDVSA que possui refinarias na Europa.

Reclamações de clientes

A PDVSA e a Rosneft são parceiras em projetos de produção de petróleo na Venezuela. Desde 2014, a Rosneft emprestou cerca de US$ 6,5 bilhões à PDVSA em troca de petróleo. Após atrasos no início, a PDVSA colocou os pagamentos em dia e reduziu a dívida em aberto para US$ 1,1 bilhão no segundo trimestre. O petróleo exportado como pagamento está sendo revendido para refinarias na China e na Índia. A Nayara Energy, financiada pela Rosneft e com sede em Mumbai, ajustou o perfil de importações e está comprando mais barris venezuelanos.

O departamento de trading da PDVSA agora conta com funcionários trazidos do Ministério da Habitação, a antiga pasta do agora ministro do Petróleo e presidente da PDVSA, Manuel Quevedo, segundo algumas pessoas. Entra as reclamações de clientes está o fato de que a maioria dos traders da PDVSA não fala inglês, o idioma dos negócios de petróleo em todo o mundo, e muitos não dominam conceitos básicos como arbitragem e taxas de frete. Outra queixa comum é que a maioria dos telefonemas e e-mails fica sem resposta, disseram algumas pessoas.

A Rosneft não respondeu a um pedido de comentário, e a PDVSA não quis comentar.

Em comunicado de 10 de setembro, a Rosneft disse que está cumprindo a lei porque todos os contratos de petróleo, incluindo os de carregamento de petróleo ou entrega de gasolina, foram assinados antes das sanções. Ameaças de imposição de sanções à Rosneft, enquanto os EUA permitem que empresas americanas operem com a PDVSA com isenções, podem ser vistas como "concorrência desleal que visa obter vantagens para empresas americanas no mercado global de petróleo", afirmou a empresa de Moscou.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net