Com crise de liquidez, Oi pode ter de abrir mão de unidade móvel
A Oi precisa tanto de dinheiro que aumentam os rumores de que a empresa está pronta para não só eliminar gordura, mas também alguns músculos.
A operadora de telecomunicações, que está nas etapas finais de uma enorme reestruturação da dívida, poderia vender a sua rede de telefonia móvel no Brasil, um de seus principais ativos, segundo analistas e meios de comunicação. A operação poderia levantar até US$ 4,8 bilhões, além dos US$ 2 bilhões em ativos não essenciais que a Oi já colocou à venda, que incluem torres de celular e operações fora do Brasil.
Operadoras rivais poderiam estar dispostas a pagar sete ou oito vezes o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da unidade de telefonia móvel da Oi, pois "acabariam eliminando um concorrente relevante" e consolidariam o mercado, que sempre foi bastante competitivo no Brasil, segundo Carlos Sequeira, analista do BTG Pactual.
O banco estima o Ebitda da unidade móvel da Oi —que não é divulgado pela empresa— em R$ 2,5 bilhões, de modo que uma venda com esse múltiplo levantaria de R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões.
A Oi não quis comentar sobre a possível venda de sua unidade de telefonia móvel.
O conselho da Oi teria oferecido a divisão de telefonia móvel para concorrentes de maior porte, como Telefônica e Tim Participações, controlada pela Telecom Italia, segundo reportagem publicada na quarta-feira pelo jornal "Valor Econômico". A AT&T e uma operadora de telefonia móvel chinesa também teriam apresentado ofertas pela unidade, segundo reportagem da Reuters na quinta-feira. A Telefônica e a Tim negaram as informações publicadas pelo "Valor Econômico". A AT&T não quis comentar.
Segundo matéria publicada no fim de semana pelo jornal "O Globo", a Huawei Technologies e a China Mobile estariam avaliando uma parceria para fazer uma proposta por todos os ativos da Oi, sem citar fontes. A Huawei disse em comunicado no domingo que fornece equipamentos para todas as operadoras de telecomunicações no Brasil e não tem planos ou interesse em adquirir nenhuma operadora no país.
A Oi é a quarta maior operadora de telefonia móvel do Brasil, com quase 38 milhões de linhas ativas, segundo a Anatel. Isso equivale a cerca da metade da líder de mercado Vivo, controlada pela Telefônica, que possui quase 74 milhões de linhas ativas.
Rating
Os ratings da dívida da Oi serão pressionados se não for possível vender a participação de 25% na Unitel, a maior operadora de telefonia móvel de Angola, ou obter financiamento de outras fontes, disse a Fitch Ratings em relatório na quarta-feira. "Embora a geração do fluxo de caixa operacional mostre sinais de estabilização, a Oi depende das vendas de ativos e mudanças na regulamentação no curto prazo para financiar sua transição para um modelo de negócios sustentável", afirmou a Fitch. A nota da Oi tem classificação B-, com perspectiva estável, segundo o rating da agência.
Na sexta-feira, a Oi nomeou Rodrigo Abreu como diretor operacional, encarregado de implementar o plano estratégico traçado em julho. Membro do conselho da Oi há um ano, Abreu foi presidente da Tim e comandou as operações da Cisco Systems na América Latina e Caribe. Analistas do Itaú BBA elogiaram a nomeação, citando seu "profundo conhecimento técnico, experiência em estratégia comercial e vasta experiência em interação" com a Anatel.
A Oi tenta uma retomada depois de uma reestruturação da dívida de US$ 19 bilhões, a segunda maior de todos os tempos no Brasil, que foi fechada com credores em dezembro de 2017 após uma negociação de 18 meses.
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