BC dos EUA enfrenta Trump ao sinalizar pausa nos juros
(Bloomberg) — Os principais integrantes do banco central dos EUA estão satisfeitos com a política monetária, mesmo que o presidente Donald Trump não esteja.
Em diversos eventos na semana passada, representantes do Federal Reserve repetiram o recado de que a política monetária será mantida após três cortes nos juros este ano.
"Temos uma perspectiva favorável para a economia", afirmou o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, em entrevista à Bloomberg Television na sexta-feira. "Achamos que a economia está em um bom lugar, achamos que a política monetária está em um bom lugar."
Tentando a reeleição dentro de um ano, Trump certamente não discordaria desta avaliação e comemorou a criação de 128.000 empregos no país em outubro.
Isso não significa que ele esteja feliz com o trabalho realizado pelo comandante do Fed, Jerome Powell, e seus colegas.
"As pessoas estão MUITO decepcionadas com Jay Powell e o Federal Reserve", escreveu Trump no Twitter na quinta-feira, um dia após o banco central baixar os juros em 0,25 ponto percentual.
O conselheiro econômico de Trump, Larry Kudlow, foi mais contido em uma entrevista à Bloomberg Television na sexta-feira.
"Felizmente, a política monetária finalmente mudou", disse Kudlow, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca. "Passamos de um aperto extremo a um pouco mais de acomodação."
Depois de subir os juros quatro vezes em 2018, o Fed reduziu as taxas este ano para proteger a economia da freada no exterior e de incertezas decorrentes das políticas comerciais de Trump, particularmente em relação à China.
Juros 'apropriados'
Randal Quarles, responsável pela área de supervisão do Fed, afirmou na sexta-feira que a atual postura da política monetária "provavelmente permanecerá apropriada" enquanto a economia crescer em ritmo moderado, o mercado de trabalho permanecer forte e a inflação estiver próxima da meta de 2%.
Economistas do JPMorgan Chase e Deutsche Bank estavam entre os que declararam na semana passada que o Fed agora fará uma pausa.
No entanto, o crescimento moderado — na casa de 2%, na visão geral dos economistas — pode não ser suficiente para um presidente que prometeu taxa de expansão igual ou superior a 3%.
A economia doméstica se acelerou no ano passado em resposta aos cortes de impostos de Trump, mas esfriou em 2019, à medida que a tensão comercial e o crescimento global mais lento diminuíram a confiança dos empresários.
Desde que Trump assumiu o cargo, em janeiro de 2017, o PIB americano avançou a uma taxa média anual de 2,6%, pouco acima do ritmo médio de 2,4% observado no segundo mandato de Barack Obama
Em uma palestra na sexta-feira na Universidade Howard, em Washington, a responsável pelo escritório regional do Fed em São Francisco, Mary Daly, reafirmou a independência do banco central: "Nós não pensamos em política."
A economista-chefe do Morgan Stanley para os EUA, Ellen Zentner, defendeu o banco central contra os ataques de Trump.
"Se o trabalho é esticar a expansão pelo maior tempo possível, isso inclui não permitir superaquecimento da economia, o que pode limitar as fases de expansão", afirmou ela em conversa com a Bloomberg Television.
Nos diversos eventos da semana passada, representantes do Fed elogiaram o desempenho do mercado de trabalho e da maior economia do mundo.
"A economia está forte", declarou o responsável pelo escritório regional de Nova York, John Williams, a uma plateia na Universidade Rutgers, em Nova Jersey. Ele disse que vê "pessoas que ficaram fora da força de trabalho por anos ou boa parte da vida agora conseguindo emprego, treinamento, voltando à força de trabalho".
A taxa de desemprego está perto do menor nível em 50 anos — 3,6% em outubro — e bem abaixo do patamar de 4,2% que os integrantes do Fed consideram sustentável a longo prazo, de acordo com a projeção mediana apresentada pelas autoridades em setembro.
— Com a colaboração de Steve Matthews, Matthew Boesler, Elizabeth Rembert, William Edwards e Jonathan Ferro.
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