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Tentativas de espionagem da China preocupam democracias globais

Jason Scott

26/11/2019 17h58

(Bloomberg) -- Acusações de espionagem, interferência e até tortura abalam as relações da China com algumas das principais democracias do mundo, ao mesmo tempo em que Pequim tenta convencer os países de que sua tecnologia 5G é confiável.

Na Austrália, a China teria oferecido propina a um vendedor de carros de Melbourne para concorrer como candidato ao parlamento antes de ser encontrado morto em março, segundo reportagem publicada no domingo. No dia anterior, artigos publicados na mídia australiana relataram que um homem que teria trabalhado como espião para a China em Hong Kong e Taiwan ofereceu informações de inteligência à Austrália e queria asilo político.

Na segunda-feira, poucas horas depois de o Ministério das Relações Exteriores da China ter descrito as alegações do desertor na Austrália como "bizarras", Xuehua "Ed" Peng - que se tornou cidadão americano em 2012 - confessou-se culpado de uma acusação criminal dos EUA de espionagem para o serviço de segurança de Pequim.

E, na semana passada, o Reino Unido acusou a China de torturar um ex-funcionário de seu consulado em Hong Kong enquanto tentava obter informações sobre se o governo britânico estava apoiando os protestos pró-democracia.

Os incidentes reforçam o receio de que a China esteja se tornando mais ousada ao tentar minar democracias sob o comando do presidente Xi Jinping, um dos líderes mais poderosos do país em décadas. Embora Pequim tenha negado sistematicamente as alegações feitas na Austrália e em outros lugares, as suspeitas ameaçam impactar as relações comerciais e as operações da gigante da tecnologia Huawei Technologies.

"O Partido Comunista Chinês não quer que os governos democráticos sejam viáveis", disse Michael Shoebridge, um ex-agente de inteligência da Austrália, que agora é diretor do Australian Strategic Policy Institute. "A maneira como os chineses estão operando sob Xi mostra que estão ficando 'orgulhosos' de suas tentativas de se infiltrar nas democracias."

A agenda externa mais assertiva de Pequim levou quatro das maiores democracias da região indo-pacífica - EUA, Japão, Índia e Austrália - a elevar as chamadas negociações do Quad para um nível ministerial. Esses países planejam apresentar uma frente para questões de segurança regional, uma medida que Pequim disse que poderia alimentar uma nova Guerra Fria.

--Com a colaboração de Peter Martin e Robert Burnson.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net