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Milho dos EUA tem ano turbulento, mas safra pode surpreender

Isis Almeida

26/12/2019 14h09

(Bloomberg) -- Não houve nada típico na temporada de grãos deste ano no Centro-Oeste dos Estados Unidos, com uma exceção: o tamanho da safra de milho.

O clima instável provocou o maior atraso já registrado do plantio, o dólar forte afetou as exportações, a guerra comercial com a China atingiu a demanda por etanol de milho e a neve fora de hora fez com que alguns agricultores não conseguissem terminar a colheita. Apesar de tudo, a safra foi resiliente.

"No fim, a área plantada foi maior do que pensávamos", disse Heath Barnes, presidente da Mercer Landmark, uma cooperativa agrícola de Ohio. "Plantamos em péssimas condições e pensamos que a produtividade não seria tão boa. Acabou não sendo ruim."

Os agricultores plantaram 36,4 milhões de hectares de milho este ano, muito mais do que o mercado esperava depois que um dilúvio na primavera provocou atrasos recordes. O grande volume fez com que os preços caíssem e irritou agricultores, segundo os quais o número foi exagerado. Os agricultores ficaram tão irritados que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) foi forçado a retirar todos os seus funcionários de uma expedição agrícola após um funcionário do governo ter sido ameaçado. Depois de tudo isso, amostras coletadas na expedição confirmaram as previsões de produtividade da agência.

A estimativa é de que a produção mostre queda de apenas 5% em relação ao ano anterior, mesmo com as inundações tendo deixado grandes áreas improdutivas, especialmente no leste do cinturão do milho, onde o solo encharcado não permitiu a semeadura.

A extensão de área não plantada refletiu a gravidade dos problemas enfrentados na temporada, mas também foi um sinal para os agricultores de que poderiam retornar ao campo para plantar mais milho, disse Seth Meyer, diretor associado da Universidade de Missouri e ex-presidente do World Agricultural Outlook Board, do USDA.

Os contratos futuros de milho para entrega em março caíram quase 5% este ano, chegando a US$ 3.875 por bushel na terça-feira.

Ainda assim, muitos agricultores não acreditam nos números da agência e estão segurando as vendas. Eles acreditam que a oferta vai ser mais apertada do que o previsto, o que ajudaria na recuperação dos preços.

--Com a colaboração de Michael Hirtzer e Dominic Carey.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net