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Arcor mira México e África com fragilidade de mercado argentino

Pablo Gonzalez e Scott Squires

08/01/2020 14h19

(Bloomberg) -- A Arcor, maior fabricante de doces da Argentina, está de olho em oportunidades de expansão no exterior em 2020, numa tentativa de compensar outro provável ano de crescimento lento no mercado doméstico.

A Arcor planeja aquisições de até US$ 100 milhões no México, disse o diretor-presidente Luis Pagani durante entrevista em seu escritório em Buenos Aires. A empresa também está expandindo as operações na África, com uma nova fábrica em Angola que deve ser concluída este ano.

"De fato, existem oportunidades no México, que é um dos nossos mercados mais competitivos", disse Pagani. A Arcor planeja expandir as operações no México e avaliará possíveis alvos de aquisição juntamente com o parceiro local Grupo Bimbo, afirmou.

A Arcor foi uma das muitas empresas afetadas pela crise econômica da Argentina em 2019. O país sente os efeitos de uma recessão prolongada e terminou o ano passado com inflação acima de 50%. Em agosto de 2019, os preços dos ativos argentinos despencaram após o candidato de esquerda Alberto Fernández vencer o então presidente Mauricio Macri nas eleições primárias, preparando o terreno para sua vitória definitiva em 27 de outubro.

Atravessando o Atlântico

As vendas da Arcor caíram no ano passado para cerca de US$ 2,6 bilhões em comparação com os US$ 2,8 bilhões em 2018, devido em parte à depreciação de 37% do peso argentino em relação ao dólar. Pagani começou 2019 com expectativa de terminar o ano com receita de US$ 3,1 bilhões e Ebitda de US$ 300 milhões. A Argentina responde por cerca de 60% das vendas totais da empresa.

A fragilidade doméstica é apenas uma das razões pelas quais a Arcor tenta se expandir. O Brasil, o segundo maior mercado da Arcor e que responde por cerca de 12% das vendas, mostra sinais de "uma recuperação lenta", disse o CEO de 62 anos. A economia brasileira ainda não voltou aos níveis de consumo de 2015. Protestos também estagnaram as vendas no Chile.

A Arcor quer crescer pelo menos 1% este ano com o impulso de mercados fora da América Latina, disse Pagani. Neste ano, a empresa planeja terminar a construção de uma fábrica de US$ 50 milhões em Angola com seu parceiro de distribuição Webcor, expandindo o acesso a toda África subsaariana.

"O continente africano é importante porque continuará a crescer em um ritmo de dois dígitos", disse Pagani. "Olhando para 2050, esses serão os países que mais crescerão no mundo."

A Arcor financiará a expansão internacional por meio da emissão de títulos e empréstimos bancários, disse o diretor financeiro Gustavo Macchi. A empresa vendeu 1,65 bilhão de pesos argentinos em títulos a taxa flutuante de seis meses em 18 de dezembro, segundo comunicado da empresa.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Pablo Gonzalez em São Paulo, pgonzalez49@bloomberg.net;Scott Squires Buenos Aires, ssquires4@bloomberg.net