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Criptomoeda interrompe compras de petróleo venezuelano

Lucia Kassai

Da Bloomberg

17/01/2020 13h47

Alguns clientes do petróleo da Venezuela interromperam as compras depois que o país passou a exigir pagamento de taxas portuárias em sua criptomoeda.

As exportações de pelo menos 1 milhão de barris foram paralisadas após o governo anunciar esta semana que determinadas taxas marítimas, atualmente pagas em euros, devem ser pagas em Petros a partir da segunda-feira, informaram pessoas com conhecimento da situação. Os compradores temem que o pagamento possa estar violando sanções depois que os EUA classificaram a criptomoeda como uma "farsa".

A nação lançou o Petro há dois anos para driblar sanções abrangentes dos EUA, que barraram a Venezuela dos mercados internacionais de capitais. Embora o símbolo do Petro esteja presente na ambientação de prédios oficiais no centro de Caracas, a criptomoeda é amplamente ignorada pela população, que não sabe como nem onde comprá-la. A criptomoeda é lastreada na reserva nacional de petróleo, a maior do mundo.

A exigência de pagamento em Petros é uma tentativa de fortalecer a criptomoeda e ajudar o presidente Nicolás Maduro a reduzir a dependência do país de divisas estrangeiras. A novidade coincide com a retomada das exportações de petróleo após as sanções impostas pelos EUA sobre a Venezuela e a estatal PDVSA. As exportações se recuperaram em dezembro, ultrapassando a marca de 1 milhão de barris diários pela primeira vez desde fevereiro.

Compradores de petróleo normalmente usam agências de transporte sediadas na Venezuela para pagar as taxas portuárias. Embora os compradores não se envolvam diretamente, no ano passado pelo menos uma empresa incluiu uma cláusula proibindo seus agentes marítimos de usar transferências monetárias para comprar moedas digitais na Venezuela depois que o Petro sofreu sanções, em março de 2018, de acordo com um documento ao qual a Bloomberg teve acesso.

A maioria das empresas usuárias do petróleo venezuelano deixou de realizar pagamentos em dinheiro. Em vez disso, recebem petróleo em troca de gasolina ou diesel. Outras, como Eni e Repsol, levam petróleo como pagamento de dívidas antigas.