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Quem deve usar máscaras em pandemias? Políticos têm dúvidas

Fion Li e Philip Heijmans

06/02/2020 14h16

(Bloomberg) -- Sem sinal de que o surto do coronavírus será controlado em breve, as máscaras cirúrgicas se tornaram um ponto de tensão política em toda a Ásia.

Em Cingapura, que em breve realiza eleições, o governo divulgou a decisão de enviar cerca de 1,5 mil militares para ajudar a distribuir 5 milhões de máscaras, juntamente com uma campanha bilíngue de saúde pública em várias plataformas.

Por outro lado, políticos de Hong Kong de todos os partidos criticaram a chefe do Executivo, Carrie Lam, pela má administração das máscaras disponíveis na cidade e pela mensagem confusa sobre sua eficácia - em parte pelo seu próprio uso inconsistente de máscaras nos estágios iniciais do surto.

Na quarta-feira, ela pediu desculpas pela "confusão causada" depois de restringir o acesso a máscaras por políticos, dizendo que Hong Kong estava tendo problemas para comprá-las globalmente. Ela também pediu ao público em geral que usasse menos máscaras.

"O que queria dizer é que o governo deve priorizar a oferta de máscaras para profissionais médicos", disse Lam, que posteriormente parou de usar máscara em suas conferências de imprensa. "Portanto, precisamos avaliar a necessidade do uso de máscaras por autoridades em eventos públicos."

As diferentes abordagens e mensagens - sobre máscaras, mas também sobre política de fronteiras, fechamento de escolas e restrições de viagens - provocaram confusão entre milhões de pessoas na Ásia, que buscavam orientação com seus líderes sobre como a proteger si mesmas e às suas famílias. A doença respiratória foi diagnosticada em mais de duas dúzias de países, e os efeitos das políticas nacionais vão muito além das fronteiras.

"Isso apenas destaca a importância da coordenação internacional na resposta ao surto", disse Yanzhong Huang, que comanda o Centro para Estudos Globais em Saúde da Universidade Seton Hall, em South Orange, Nova Jersey.

"Os governos devem ter maior capacidade que possa lidar não apenas com um, mas com dois surtos", acrescentou. "Você precisa de um suprimento de coisas como máscaras, óculos e até álcool. Devem ter estoques dessas coisas."

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as máscaras cirúrgicas têm capacidade limitada para evitar a contaminação de pessoas saudáveis. A lavagem frequente das mãos, segundo a OMS, é muito mais eficaz. A organização recomenda máscaras para pessoas que já possuem doenças respiratórias, cuidadores e profissionais de saúde.

--Com a colaboração de Iain Marlow e Shawna Kwan.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Fion Li Hong Kong, fli59@bloomberg.net;Philip Heijmans Singapore, pheijmans1@bloomberg.net