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Cadeias de suprimentos globais passam por mudança 'tectônica'

Michelle Jamrisko

11/02/2020 16h08

(Bloomberg) -- As cadeias de suprimentos globais passam por uma mudança "tectônica", sinalizando dias melhores para a manufatura e expansão da automação e produção na América do Norte.

Segundo pesquisa do Bank of America Global Research realizada por analistas de renda variável que cobrem mais de 3 mil empresas em todo o mundo, mais de 80% das empresas executaram ou anunciaram planos de transferir pelo menos uma parte de suas cadeias de suprimentos. A amostra inclui 12 setores com capitalização de mercado total de US$ 22 trilhões, que inclui software, bens de capital, hardware de tecnologia, alimentos e bebidas.

"Esses movimentos são 'tectônicos': lentos, persistentes, com grandes mudanças no ambiente de negócios para empresas globais", segundo analistas da equipe do BofA liderada pela chefe de pesquisa global, Candace Browning.

Embora o nervosismo causado pela guerra comercial e preocupações com a segurança nacional estejam entre as razões citadas já antecipadas, as empresas também mostraram necessidade de redefinir o diferencial dos custos trabalhistas rumo à automação e de se afastarem das antigas formas de mão de obra barata. As empresas também declararam o desejo de reduzir suas pegadas de carbono.

Os analistas também destacam a América do Norte e os robôs como dois vencedores inesperados dessas mudanças:

América do Norte

O Sudeste Asiático - particularmente o Vietnã - e a Índia foram os beneficiários da pesquisa, porém, "mais surpreendente foi que empresas em cerca da metade de todos os setores globais na América do Norte declararam sua intenção de 'voltar à casa'". Destinos na América do Norte foram selecionados para setores de alta tecnologia e aqueles que dependem da energia como insumo-chave.

"Em nossa opinião, os EUA podem ser um beneficiário significativo desse processo, enquanto empresas chinesas talvez estejam em maior risco", segundo o relatório do BofA.

Enquanto mais empresas se voltam para lugares na América do Norte, o distanciamento da China, iniciado há uma década, deve continuar, observam os analistas.

Robôs

Os resultados da pesquisa também mostraram uma "intenção quase universal de usar a automação", levando os analistas do BofA a questionar se a previsão atual de duplicação de robôs industriais para 5 milhões de unidades até 2025 é muito conservadora.

O aumento dos gastos em automação e manufatura teria efeitos multiplicadores na economia em geral e seria benéfico para os serviços financeiros relacionados, de acordo com o relatório. Salários mais altos, maiores gastos com pesquisa e desenvolvimento, mais receita tributária e clusters industriais mais fortes também poderiam ser consequências desse processo.

As batalhas comerciais globais poderiam determinar o destino dos vencedores e perdedores desta evolução.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net