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Rebaixamento soa alarme e investidores vendem títulos do Equador

Aline Oyamada

14/02/2020 13h44

(Bloomberg) -- Os bônus com o segundo pior desempenho nos mercados emergentes estão levando outra surra e, desta vez, poucos apostam em uma rápida recuperação.

Investidores têm vendido títulos da dívida soberana do Equador diante da crescente preocupação com a incapacidade do governo de aprovar reformas importantes, incluindo mudanças nos sistemas monetário e fiscal. A queda dos preços do petróleo e o rebaixamento da nota de crédito do país na semana passada consolidaram as visões pessimistas.

"Muitos investidores estavam overweight em Equador", disse Alex Kozhemiakin, chefe de dívida de mercados emergentes da Macquarie Investment Management, com sede na Filadélfia e que administra US$ 1,7 bilhão em ativos de países em desenvolvimento. "Os que tinham uma visão mais otimista sobre o Equador já possuem títulos e os que não possuem vão esperar, por isso não vemos uma forte recuperação dos preços."

Mesmo assim, Kozhemiakin disse que comprou alguns títulos com a queda dos preços, dizendo que os rendimentos dos títulos compensam o risco. Os títulos em dólar do Equador com vencimento em 2029 caíram mais de 13 centavos este ano, para cerca de 85 centavos, o que elevou o yield para 13,8%. Os spreads em relação aos Treasuries aumentaram em cerca de 320 pontos-base, mais do que qualquer país do índice JPMorgan EMBI Global Diversified Sovereign, exceto o Líbano.

Esses spreads podem atrair compradores em um mercado faminto por retorno, disse James Barrineau, gestor da Schroders, em Nova York. No entanto, qualquer rali será limitado pela incerteza política antes das eleições presidenciais e legislativas daqui a um ano, disse.

À medida que as eleições presidenciais se aproximam, a política se torna "mais problemática" do que a situação fiscal, disse Barrineau, que possui alguns títulos do Equador. "Acreditamos que o país conseguirá se virar e compraremos se a incerteza política se dissipar."

Embora as eleições só ocorrerão daqui a 12 meses, outros sinais de alerta já despontam: a economia cresce pouco e as contas fiscais estão se deteriorando. O percentual das despesas com juros em relação à receita total aumentou de 14,7% em 2018 para 17,3% em 2019, enquanto o déficit fiscal subiu para 3,8% do PIB em relação aos 3,6% no ano anterior, segundo a Moody's Investors Service.

A agência de classificação de risco rebaixou a nota da dívida do Equador de B3 para Caa1, sete graus na categoria junk, dizendo que o acesso do governo ao mercado é limitado por conta do cronograma desafiador de amortização da dívida a partir de 2022. Contudo, o governo e alguns bancos, incluindo o Credit Suisse, criticaram a medida, dizendo que ainda faltam dois anos para que os pagamentos de dívida se intensifiquem. O ministro da Fazenda, Richard Martinez, diz que o governo vai explicar aos investidores e às agências de classificação os planos de reperfilamento da dívida que visam reduzir os pagamentos nos próximos anos.

Martinez e o presidente do Equador, Lenin Moreno, se encontraram com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington nesta semana e participaram de um almoço privado com executivos.

--Com a colaboração de Sydney Maki, Stephan Kueffner e Ben Bartenstein.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net