Vírus atrasa compras chinesas de produtos agrícolas dos EUA
(Bloomberg) -- O surto de coronavírus que se espalha pela China tem atrasado as compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos. Mas o maior importador de alimentos do mundo está preparado para cumprir as promessas do acordo comercial, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.
O coronavírus, que já matou mais de 2 mil pessoas, afetou a operação de portos chineses, o que atrasou as promessas de compras sob o acordo de primeira fase, disse Steve Censky, vice-secretário do USDA, em entrevista em Arlington, Virgínia. Ainda assim, o governo chinês não pediu permissão para recorrer à cláusula que permite adiar ou reduzir compromissos.
A China concordou em aumentar as compras de commodities agrícolas dos EUA em US$ 12,5 bilhões este ano em relação aos níveis de 2017, o que elevaria o total para US$ 36,5 bilhões. Mas a propagação do vírus atingiu a demanda por vários produtos, como carne, cobre e petróleo, e alimentou a expectativa de que o país não cumprirá as promessas.
"Esperávamos ver uma recuperação mais rápida do que vimos, mas é claro que o coronavírus causa algum impacto", disse Censky em entrevista durante o Outlook Forum do USDA, na quinta-feira. "O que sabemos, observando o que tem acontecido em alguns portos, é que eles enfrentam falta de espaço para congelamento, falta de trabalhadores nos portos para fazer o descarregamento e, por isso, vemos um atraso."
Congestionamento de contêineres
Milhares de contêineres com carne de porco, de frango e bovina congeladas se acumulam em alguns dos maiores portos chineses, por causa de bloqueios no transporte e falta de funcionários, como em Tianjin, Xangai e Ningbo. Não há motoristas de caminhão suficientes para coletar os contêineres devido às restrições de viagens, e os portos também começam a ficar sem pontos de eletricidade para congelar os contêineres. Alguns navios foram instruídos a redirecionar para outros destinos na China continental e Hong Kong.
A China tem "todo incentivo" para cumprir as metas descritas no acordo e, embora a demanda possa ser atingida no curto prazo porque as pessoas estão em casa, o país ainda precisará comprar alimentos, disse Censky. Os EUA podem impor tarifas à China se o governo não cumprir as promessas, disse o secretário de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, na quinta-feira.
"Eles assinaram um acordo, sabem que é aplicável", disse Censky. "Dada a economia e tudo o mais, não querem se complicar ao guerrear com os EUA sobre tarifas."
Censky disse que não espera que a China acione uma cláusula no acordo que permitiria ao país reduzir as compras. Embora o USDA não consiga prever o desenrolar do surto de coronavírus, ele espera que as compras aumentem no segundo trimestre, afirmou.
"A demanda por alimentos é inelástica, as pessoas ainda precisam comer", disse. "Essa demanda existe, talvez tenha desviado um pouco, pois as pessoas não saem, não vão a restaurantes, não vão ao supermercado com tanta frequência, talvez tenha havido um pouco de desaceleração, mas esperamos uma retomada."
"Nossa esperança é que em abril, maio, o vírus estará sob controle e realmente veremos um aumento", afirmou.
Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
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