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Lindt alerta para alta do preço do chocolate com prêmio do cacau

Produção de cacau em Coaraci, na Bahia - Rafael Martins/AFP
Produção de cacau em Coaraci, na Bahia Imagem: Rafael Martins/AFP

Corinne Gretler e Agnieszka de Sousa

Em Zurique e Londres

03/03/2020 14h31

A Lindt & Spruengli alertou que o prêmio imposto pelos maiores produtores mundiais de cacau na África Ocidental deixa fabricantes de chocolate com pouca escolha a não ser aumentar os preços.

Costa do Marfim e Gana agora cobram US$ 400 por tonelada acima do preço futuro para embarques a partir de outubro, em uma campanha para aumentar a renda de agricultores mais pobres. Os dois países vizinhos respondem por mais de 60% da oferta global de cacau.

A Lindt, que compra 80% do cacau de Gana, usa as mesmas receitas há décadas, e a troca de fornecedores levaria tempo, pois a mudança do mix de grãos afetaria o sabor de seus produtos, disse o CEO (diretor-executivo) da empresa, Dieter Weisskopf, em entrevista hoje em Zurique. Outros produtores também aumentarão os preços diante do impacto do prêmio, avalia.

"Nos próximos meses, teremos aumentos de preços", disse Weisskopf a repórteres. "Não apenas nós, especialmente de marcas privadas."

Mars e Nestlé estão entre fabricantes de chocolate que começaram a comprar cacau para a temporada 2020-21 com o prêmio. Mas, embora a maioria das empresas dos setores de cacau e chocolate tenha concordado em pagar um preço melhor aos agricultores, muitas ainda enfrentam dificuldades com a estratégia, já que o prêmio não pode ser coberto.

Diferencial de qualidade

Embora Gana tenha implementado o prêmio de renda integralmente, o país dá aos compradores algum desconto no diferencial que cobra pela qualidade dos grãos, disse Weisskopf na entrevista.

Segundo o executivo, não é um sinal de flexibilidade. "É que agora a demanda já sofre um pouco. Já não podem realmente exigir esse prêmio."

Preços mais altos podem levar fabricantes de chocolate a optarem por alternativas ao cacau, além de incentivarem agricultores a cultivar mais grãos, disse Weisskopf.

"Cedo ou tarde, isso poderia levar a um menor volume de demanda por cacau e, por outro lado, claro, também levaria ao excesso de oferta", disse. "Mas não estamos falando de um período de 12 meses, estamos falando de dois a três anos."

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