Medo de tocar notas de dólar abre nova frente em batalha digital
Os avisos começaram a aparecer em Seattle em vitrines da Dick's Drive-In, a icônica rede de hambúrgueres da cidade: "Com muita cautela, pedimos pagamentos com cartão de crédito ou débito, se possível, em vez de dinheiro".
O medo de tocar notas de dólares agora é palpável no epicentro do coronavírus nos Estados Unidos.
E em todo o setor financeiro, surge o debate sobre como lidar com a crescente preocupação do público de que os dólares possam transmitir a Covid-19. Estudos mostram que é pelo menos teoricamente possível para outros coronavírus sobreviverem no tecido de algodão e linho das notas de dólar, embora haja pouco consenso sobre o risco real de contágio.
Nos bastidores, alguns setores da indústria e bancos pediram ao Federal Reserve e ao Departamento do Tesouro que emitissem uma declaração assegurando aos americanos que o risco de usar dinheiro é mínimo, de acordo com pessoas com conhecimento das discussões. O Fed, por sua vez, diz que aguarda recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, que até agora disseram que o vírus se espalha principalmente por meio do contato de pessoa para pessoa. Enquanto isso, o Fed tem colocado notas repatriadas da Ásia em quarentena por até 10 dias para garantir a segurança.
Há muito em jogo para bancos e empresas que lidam com pagamentos eletrônicos: bilhões de dólares em lucros dependem de qualquer declaração ou política estabelecida por autoridades.
Por um lado, bancos de pequeno e médio porte trabalham para manter as agências abertas e continuar servindo legiões de clientes corporativos que reabastecem as caixas registradoras diariamente. Representantes de alguns bancos acham que é importante que os reguladores ofereçam recomendações sobre como manipular o dinheiro, observando que o risco de tocar notas e moedas é baixo comparado, por exemplo, com o aperto de mão, pressionar o botão do elevador ou agarrar um corrimão.
Pagamentos "higiênicos"
Se, por outro lado, autoridades adotarem medidas que desencorajem o uso de notas de dólar, isso reforçará a longa "guerra contra o dinheiro" do setor de cartões de crédito, enviando mais transações por meio de suas redes e aplicativos de pagamento que cobram taxas.
Empresas como Visa, Mastercard, American Express, PayPal Holdings e uma grande quantidade de grandes bancos emissores de cartões estariam entre os principais beneficiários.
"Os pagamentos digitais já são vistos como bons para a sociedade pelos governos porque ajudam na inclusão financeira, geram receita tributária e eliminam a corrupção", disse Lisa Ellis, analista da consultoria independente MoffettNathanson. "Esta é outra razão: 'É higiênico também.'"
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