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Apoio estatal não blinda dívida corporativa de emergentes

Justin Villamil e Sydney Maki

18/03/2020 13h56

(Bloomberg) -- O apoio do governo não serviu como baluarte contra o grande impacto do coronavírus para empresas estatais.

Na América Latina, investidores abandonaram muitas das maiores empresas quase soberanas em uma fuga em massa para ativos seguros. O apoio implícito - e ocasionalmente explícito - do estado a empresas de mineração, produtoras de petróleo e bancos não ajudou a tranquilizar mercados.

A chilena Codelco, a Petrobras, a Petróleos Mexicanos, a colombiana Ecopetrol, a Petróleos del Perú e o Banco do Brasil viram como os spreads de suas contrapartes soberanas deram um salto, muitas vezes para níveis recordes. Embora a queda dos preços do petróleo e economias frágeis justifiquem grande parte do declínio, alguns investidores começam a ver uma oportunidade.

"Na renda fixa, surgiram oportunidades entre estatais de petróleo da América Latina", afirmou Alejo Czerwonko, estrategista de mercados emergentes do UBS em Nova York, em relatório. Embora muitos tenham que fazer reservas para baixas contábeis, "riscos de default permanecem bem contidos e os valuations melhoraram significativamente".

A Pemex foi a mais atingida: o rendimento dos títulos de referência com vencimento em 2027 subiu para uma máxima histórica de 9,9%. A empresa, que é a petrolífera mais endividada do mundo, tenta reverter mais de uma década de queda da produção.

O spread entre os títulos da Pemex com vencimento em 2027 e títulos soberanos de vencimento semelhante aumentou em mais de 300 pontos-base, para um nível inédito 562 pontos-base.

Os spreads podem ter ido longe demais no caso de algumas empresas, disse Shamaila Khan, chefe de dívida de mercados emergentes da AllianceBernstein, em Nova York.

"O mercado não está descontando adequadamente o modelo de negócio integrado e de baixo custo das empresas, além do apoio soberano", disse Khan.

Os spreads para os soberanos da Petrobras, Ecopetrol e Petróleos del Perú saltaram para níveis recordes neste mês.

Além do petróleo

As petroleiras não foram as únicas atingidas. No Chile, a Codelco sente o impacto da queda do preço do cobre para o menor nível em mais de três anos.

Enquanto isso, a preocupação com uma possível recessão econômica global afeta o Banco do Brasil, o que levou o spread dos títulos da instituição com vencimento em 2025 acima de 200 pontos-base pela primeira vez no início deste mês. O spread do banco federal está atualmente em 230 pontos-base.

©2020 Bloomberg L.P.