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BCE pode elevar programa de compra de bônus, segundo pesquisa

Piotr Skolimowski, Carolynn Look e Harumi Ichikura

24/04/2020 08h51

(Bloomberg) -- O Banco Central Europeu deve aumentar a compra de títulos de emergência nos próximos meses para reforçar o apoio à economia que, segundo previsões da presidente do BCE, Christine Lagarde, pode encolher até 15% neste ano, segundo pesquisa da Bloomberg com economistas.

Um em cada quatro entrevistados espera que a instituição aumente o tamanho do programa de compras da pandemia já na quinta-feira, quando o Conselho do BCE realiza sua reunião de política monetária. A maioria espera que isso aconteça até setembro.

O momento - assim como o tamanho do aumento - provavelmente será influenciado pelo quanto mais governos estão dispostos a gastar. Líderes europeus aprovaram um plano de 540 bilhões de euros (US$ 580 bilhões) para combater as consequências imediatas do coronavírus, mas não chegaram a um acordo sobre o programa de reconstrução de longo prazo.

Economistas preveem que o plano de emergência de 750 bilhões de euros do BCE será elevado em outros 500 bilhões de euros, totalizando compras acima de 1,5 trilhão de euros, o que inclui todos os programas.

Mais evidências da crise vieram à tona na sexta-feira: o indicador da confiança empresarial na Alemanha, a maior economia do bloco, caiu para uma mínima histórica e um índice das expectativas para os próximos meses piorou.

"O BCE, de alguma forma, precisa manter a bandeira do euro hasteada", disse Alastair Winter, consultor econômico da Global Alliance Partners. É uma "mensagem de não entrar em pânico enquanto realmente existe pânico".

Os participantes da pesquisa não esperam que o BCE corte as taxas de juros. A taxa de depósito já está negativa em 0,5%, uma mínima histórica, e membros da instituição expressaram preocupação de que outra redução afetaria a oferta de crédito.

Economistas projetam que os bancos emprestarão cerca de 750 bilhões de euros nas quatro operações de empréstimo a longo prazo restantes: dinheiro a ser usado para linhas de crédito a empresas e famílias.

A pesquisa da Bloomberg foi realizada antes da cúpula da União Europeia na quinta-feira, quando os líderes não chegaram a um acordo se a recuperação deveria ser financiada por subvenções ou empréstimos e pediram à comissão que apresentasse uma proposta de compromisso até 6 de maio.

Lagarde já disse que os países correm risco de não fazer o suficiente no prazo adequado para mitigar as consequências do vírus. A estimativa do BCE indica retração de pelo menos 9% em 2020 na zona do euro, disse Lagarde, embora o PIB possa cair significativamente mais em um cenário extremo.

©2020 Bloomberg L.P.