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CEO da Rio Tinto alerta para riscos de aquisições em pandemia

David Stringer

13/05/2020 09h07

(Bloomberg) -- A Rio Tinto pretende observar atentamente oportunidades de aquisições em meio à pressão da crise global sobre rivais, embora tenha alertado que acordos ainda possam ser muito arriscados.

Segundo o CEO da mineradora, Jean-Sebastien Jacques, há incerteza quanto à forma de recuperação da pandemia de coronavírus e é difícil julgar com precisão o valor das empresas. Em parte, devido ao impacto dos trilhões de dólares de estímulos dos governos.

O executivo disse que a Rio Tinto tem acompanhado ativamente oportunidades de negócio, mas "só negociaríamos se fizesse sentido do ponto de vista do valor", disse Jacques em entrevista por telefone na quarta-feira.

Equipes de gestão das maiores mineradoras - sob rigoroso escrutínio dos acionistas - ainda mostram cautela sobre aquisições muito caras, depois que uma enxurrada de acordos há cerca de uma década resultou em mais de US$ 200 bilhões em redução do valor recuperável dos ativos, segundo a PwC, e levou à saída de executivos do alto escalão.

Embora o valor anual das aquisições concluídas pelas 40 principais mineradoras tenha atingido o maior nível em sete anos em 2019, de US$ 29 bilhões, essa cifra permanece muito abaixo dos US$ 71 bilhões gastos em 2012, segundo dados compilados pela Bloomberg. A recente onda também foi impulsionada principalmente por produtoras de ouro, em vez de mineradoras diversificadas como a Rio Tinto.

A BHP, maior mineradora do mundo, sinalizou no mês passado que tem poder de fogo para aproveitar qualquer oportunidade de fusão e aquisição, embora tenha dito que poucas operações atenderiam aos critérios da empresa.

Depois de fortalecer os balanços patrimoniais nos últimos anos, muitos alvos em potencial também estão em melhor posição para afastar pretendentes indesejados.

A Freeport-McMoRan, vista como atraente por rivais que desejam aumentar a exposição ao cobre, não contemplará nenhuma aquisição, já que as ações são negociadas com baixa de cerca de 30% neste ano em meio ao surto de vírus, disse o CEO Richard Adkerson em conferência do BofA Securities na terça-feira.

"Não queremos prejudicar nossos acionistas ao considerar avanços que seriam apenas oportunistas para um comprador", disse Adkerson.

A Rio Tinto pretende acelerar o ritmo de projetos de expansão assim que as restrições globais às viagens permitirem, de acordo com Jacques. Neste ano, os investimentos podem ficar até US$ 2 bilhões abaixo do planejado, embora isso reflita dificuldades em acessar locais de desenvolvimento e compra de alguns equipamentos, em vez de medidas para economizar recursos, disse o executivo na entrevista.

"Tivemos que reduzir nossa estimativa para investimentos, não porque queríamos ser cautelosos, mas porque fisicamente não conseguimos pessoas suficientes nos locais por causa dos problemas na cadeia de suprimentos", disse Jacques.

O trabalho para fornecer novas estimativas sobre o custo e cronograma do projeto de expansão atrasada da empresa na mina de cobre Oyu Tolgoi, na Mongólia, continua nos trilhos, disse.

©2020 Bloomberg L.P.