Rali na pior moeda do mundo destaca o risco principal do Brasil
(Bloomberg) -- A saúde política do ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, é tão essencial para traders de câmbio que mesmo um gesto de apoio de um mês atrás do presidente Jair Bolsonaro, revelado na semana passada, foi suficiente para sacudir o real da pior aposta do mundo.
O real saltou 3,5%, as ações subiram e a parte final da taxas longas na curva de juros caiu 35 pontos base após a divulgação, na sexta-feira, do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril em que Bolsonaro disse: "Eu nunca tive um problema com ele, zero problema com Paulo Guedes".
Embora o clima de risco global tenha ajudado a impulsionar ganhos, há pouca outra explicação além do alívio político para um rali do real, que retomou os níveis alcançados pela última vez no final de abril, quando o ex-ministro da Justiça Sergio Moro renunciou abruptamente. As especulações sobre o destino de Guedes arrastaram os ativos brasileiros para baixo várias vezes no ano passado, em meio à preocupação de que ele sairia se Bolsonaro interferisse em seu trabalho.
O vídeo mostrou que Guedes tem influência significativa no governo, de acordo com Pedro Dreux, sócio-fundador e gestor macro da Occam Brasil Gestão, que tem R$ 9,3 bilhões em recursos sob administração.
A expectativa dos traders em relação ao vídeo tão esperado era de que este mostrasse evidências de que o presidente Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal, mote que levou à saída de Moro. Em vez disso, o vídeo não conseguiu lançar uma nova luz sobre as acusações.
Embora isso tenha sido um alívio para os investidores, o destaque foi Bolsonaro dizer que Guedes é o único responsável pela direção da política econômica. O ministro, que estudou na Universidade de Chicago, prometeu reformular o inchado sistema tributário do país e privatizar algumas empresas estatais, depois que o Congresso finalmente aprovou um plano de reforma da Previdência, medidas que devem melhorar as contas fiscais e melhorar a economia desgastada.
A renovação do otimismo do mercado deveria ser marcada com um pé atrás, pois a política permanece em foco. Nesta quarta-feira, a Polícia Federal mirou aliados do presidente Bolsonaro como parte de um investigação pedida pelo STF sobre a divulgação de fake news contra os ministros do tribunal.
Existe uma crescente tensão entre os EUA e a China que não está afetando o mercado agora, mas, após os vencimentos dessas operações de hedge, esses fatores negativos podem pesar sobre o real, disse Aurelio Bicalho, economista-chefe da Vinland Capital, com sede em São Paulo.
"Por enquanto, as melhoras no risco global e na política doméstica são os drivers", disse Juan Prada, estrategista de moeda do Barclays em Nova York.
©2020 Bloomberg L.P.
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