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CEOs de finanças preocupados com otimismo exagerado do mercado

Annie Massa, Michelle Davis e Jenny Surane

28/05/2020 15h06

(Bloomberg) -- Líderes das maiores instituições financeiras estão mais otimistas sobre a recuperação econômica devido ao relaxamento das medidas de isolamento social, mas dizem que os recentes ganhos das bolsas podem não condizer com a realidade.

"O mercado tem assumido que não veremos uma segunda onda ou terceira onda severa" de Covid-19 e que os tratamentos estarão disponíveis para amortecer o impacto de novos surtos, disse o diretor-presidente da BlackRock, Larry Fink, em conferência virtual do setor na quarta-feira. "Acredito que os empregos voltarão de forma mais lenta do que outras pessoas acreditam."

O otimismo do mercado acionário se mostrou particularmente forte nesta semana. Algumas empresas com os melhores desempenhos, incluindo Carnival e United Airlines, estão entre as mais afetadas pela pandemia. O S&P 500 mostra alta de 36% desde que atingiu a mínima em quase três anos e meio em 23 de março.

Sinais de que as economias começam a ganhar vida e as perspectivas de uma vacina ajudaram a impulsionar os ganhos, assim como comentários otimistas de formuladores de políticas e líderes empresariais. O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, disse que alguns tomadores de empréstimos que solicitaram adiamento ainda estão efetuando pagamentos, e bancos podem finalizar o aumento de provisões para empréstimos duvidosos após este trimestre.

"Podemos ver uma recuperação bastante rápida", disse o presidente do maior banco dos EUA na terça-feira em conferência virtual. "O governo tem sido bastante receptivo, grandes empresas têm os meios, esperamos manter as pequenas vivas."

Dados econômicos mais positivos foram divulgados na quinta-feira nos EUA: pela primeira vez durante a pandemia de coronavírus, o número de pessoas que recebem seguro-desemprego em programas estatais mostrou queda, um sinal de que as pessoas começam a voltar ao trabalho.

Em meio ao otimismo do mercado, John Waldron, presidente do Goldman Sachs, disse na quarta-feira que um dos maiores riscos que a economia enfrenta é que focos do vírus voltem a aparecer nos próximos meses, obrigando o fechamento esporádico das economias locais.

Uma recuperação aos trancos e barrancos pode representar um desafio para consumidores, disse Waldron, especialmente se o apoio do governo diminuir. Isso levaria a "muito mais destruição" do crédito ao consumidor, disse.

©2020 Bloomberg L.P.