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Exército de 600 mil rastreadoras de contato na Índia faz greve

Shruti Srivastava

07/08/2020 15h31

(Bloomberg) -- Elas ajudaram a erradicar a poliomielite na Índia e reduziram o número de mulheres que morrem durante o parto. Mas o surto catastrófico de coronavírus no país, agora com o terceiro maior número de casos no mundo, levou seu exército feminino de profissionais de rastreamento de contatos ao limite.

Após meses de assédio, baixos salários e falta de proteção contra o vírus, cerca de 600 mil do total de um milhão de Ativistas de Saúde Social Credenciadas - ou ASHAs, na sigla em inglês, que também significa esperança em hindi - entrarão em greve de dois dias a partir de 7 de agosto para chamar a atenção para a situação. Líderes sindicais esperam que mais pessoas se unam à paralisação com a divulgação da notícia.

Elas querem melhor remuneração e sem atrasos e um status legal que garanta um salário mínimo para apoiar o trabalho de ajudar autoridades indianas a rastrearem contatos de alto risco de pacientes de Covid-19 em favelas e áreas rurais de difícil acesso no país.

Perder as ASHAs não só ameaçaria o esforço de contenção de vírus da Índia, mas também impactaria outros serviços de saúde oferecidos a famílias rurais que variam de vacinação infantil ao controle da tuberculose.

"Para trabalhar das 7h às 17h, ganhamos apenas 2 mil rupias (US$ 27) por mês e sem máscaras ou desinfetante", disse Sulochana Rajendra Sabde, uma ASHA de 45 anos no distrito de Jalgaon em Maharashtra, um estado no oeste da Índia cuja capital é Mumbai.

Sabde ainda não recebeu as 2 mil rupias extras por mês prometidas pelo governo estadual para o trabalho relacionado ao vírus. "Temos que providenciar tantos documentos por uma soma insignificante que também nunca chega a tempo", disse. "O governo não tem lugar para nós em seu coração."

Ligações e um e-mail para o Ministério da Saúde com pedido de comentários sobre a greve das ASHAs não foram respondidos imediatamente.

©2020 Bloomberg L.P.