Bolsas chinesas tiveram sessão mais curta da sua história, apenas 27 minutos
José Álvarez Díaz.
Xangai (China), 7 jan (EFE).- As bolsas de valores chinesas tiveram nesta quinta-feira a sessão mais curta de sua história, de apenas 27 minutos de operações, dos quais apenas 13 foram de cotação real, devido a outra forte queda que forçou a suspensão dos trabalhos até amanhã.
Da mesma forma que já tinha acontecido também na segunda-feira passada pela primeira vez na história, devido a novas normas estreadas justamente no início do ano, as bolsas chinesas fecharam automaticamente quando o índice seletivo de empresas de ambos os pregões caiu mais do que o limite diário que lhe é permitido agora: 7%.
Em ambas as ocasiões, como essa legislação estabelece, primeiro se suspendeu a cotação durante 15 minutos, quando o seletivo misto caiu mais que 5%, mas quando as operações foram retomadas bastou hoje apenas um minuto de transações para cair mais de 7% e desencadear o fechamento automático.
No momento do fechamento, o índice geral de Xangai, o SSE Composite, caía 7,32%, enquanto o de Shenzhen, o SZSE Component, desabava 8,35%.
Esta situação, inédita até esta semana, aconteceu hoje pela segunda vez em quatro dias, desde que na segunda-feira entrou em funcionamento este novo mecanismo de interrupção, pensado para que não se repitam as fortes baixas em cadeia do verão (hemisfério norte), que chegaram a afetar outros mercados mundiais.
Contudo, em vez de contribuir para estabilizar os pregões, o mecanismo está "alterando as expectativas dos investidores individuais" (cerca de 90 milhões de poupadores chineses sem conhecimentos financeiros, que substituíram os pouco rentáveis depósitos bancários pela renda variável) e provocando entre eles o "pânico".
Assim explicou à Efe o especialista em mercados financeiros Rui Meng, professor de Finanças e Contabilidade da Escola Internacional de Negócios China-Europa de Xangai (CEIBS), que alerta do efeito contraproducente da medida nestes investidores que costumam tornar o mercado chinês tão volátil.
Com efeito, três quartos da atividade das bolsas chinesas estão nas mãos destes investidores, e o novo "interruptor" está criando entre eles uma grande "incerteza desnecessária", assinalou Rui: "todo mundo quer vender neste momento, ninguém quer comprar, porque agora nenhum comprador tem certeza de poder vender depois em um futuro próximo".
O ponto central do que está acontecendo remonta às semanas de fortes quedas do verão passado, que repercutiram nos demais pregões mundiais, e a reação de hoje do regulador da bolsa chinesa, que anunciou outra nova medida inesperada, parece refletir como a situação está saindo da rota planejada por Pequim.
A explicação está em que no dia 8 de julho passado, após a primeira semana de fortes quedas, o regulador obrigou os grandes acionistas (detentores de 5% ou mais das ações de uma companhia) a não vender nenhum de seus títulos em um prazo de seis meses, prazo que se completa amanhã, portanto na segunda-feira dia 11 poderiam vender de novo.
Perto de um trilhão de títulos iam ficar desbloqueados e, embora o regulador não esperava que houvesse vendas maciças, as fortes quedas de hoje e da segunda-feira passada obedecem à antecipação dos investidores, que querem amealhar lucros antes que suas ações possam perder valor na próxima semana.
Nesse contexto, o regulador anunciou pouco antes do fechamento forçado da sessão relâmpago de hoje uma nova norma que limitará a partir deste sábado, dia 9 de janeiro (ou seja, desde o momento em que expirar o prazo das medidas do dia 8 de julho) a capacidade de vender essas ações.
Além disso, se os investidores fizerem, deverão anunciar seus planos ao mercado com pelo menos 15 dias de adiantamento.
"Acredito que, da mesma forma que com o mecanismo interruptor, a intenção é boa, mas vai induzir ainda mais o pânico nas pessoas, portanto amanhã é possível que a interrupção seja aplicada mais uma vez", opinou Rui, descrevendo a situação atual como "um desastre artificial, porque se alterou as expectativas das pessoas".
"Os investidores individuais estão respondendo à própria novidade das novas normas e isso está mudando o efeito que produzem", avisou, por isso que os mercados estão se movendo em um "território inexplorado".
Xangai (China), 7 jan (EFE).- As bolsas de valores chinesas tiveram nesta quinta-feira a sessão mais curta de sua história, de apenas 27 minutos de operações, dos quais apenas 13 foram de cotação real, devido a outra forte queda que forçou a suspensão dos trabalhos até amanhã.
Da mesma forma que já tinha acontecido também na segunda-feira passada pela primeira vez na história, devido a novas normas estreadas justamente no início do ano, as bolsas chinesas fecharam automaticamente quando o índice seletivo de empresas de ambos os pregões caiu mais do que o limite diário que lhe é permitido agora: 7%.
Em ambas as ocasiões, como essa legislação estabelece, primeiro se suspendeu a cotação durante 15 minutos, quando o seletivo misto caiu mais que 5%, mas quando as operações foram retomadas bastou hoje apenas um minuto de transações para cair mais de 7% e desencadear o fechamento automático.
No momento do fechamento, o índice geral de Xangai, o SSE Composite, caía 7,32%, enquanto o de Shenzhen, o SZSE Component, desabava 8,35%.
Esta situação, inédita até esta semana, aconteceu hoje pela segunda vez em quatro dias, desde que na segunda-feira entrou em funcionamento este novo mecanismo de interrupção, pensado para que não se repitam as fortes baixas em cadeia do verão (hemisfério norte), que chegaram a afetar outros mercados mundiais.
Contudo, em vez de contribuir para estabilizar os pregões, o mecanismo está "alterando as expectativas dos investidores individuais" (cerca de 90 milhões de poupadores chineses sem conhecimentos financeiros, que substituíram os pouco rentáveis depósitos bancários pela renda variável) e provocando entre eles o "pânico".
Assim explicou à Efe o especialista em mercados financeiros Rui Meng, professor de Finanças e Contabilidade da Escola Internacional de Negócios China-Europa de Xangai (CEIBS), que alerta do efeito contraproducente da medida nestes investidores que costumam tornar o mercado chinês tão volátil.
Com efeito, três quartos da atividade das bolsas chinesas estão nas mãos destes investidores, e o novo "interruptor" está criando entre eles uma grande "incerteza desnecessária", assinalou Rui: "todo mundo quer vender neste momento, ninguém quer comprar, porque agora nenhum comprador tem certeza de poder vender depois em um futuro próximo".
O ponto central do que está acontecendo remonta às semanas de fortes quedas do verão passado, que repercutiram nos demais pregões mundiais, e a reação de hoje do regulador da bolsa chinesa, que anunciou outra nova medida inesperada, parece refletir como a situação está saindo da rota planejada por Pequim.
A explicação está em que no dia 8 de julho passado, após a primeira semana de fortes quedas, o regulador obrigou os grandes acionistas (detentores de 5% ou mais das ações de uma companhia) a não vender nenhum de seus títulos em um prazo de seis meses, prazo que se completa amanhã, portanto na segunda-feira dia 11 poderiam vender de novo.
Perto de um trilhão de títulos iam ficar desbloqueados e, embora o regulador não esperava que houvesse vendas maciças, as fortes quedas de hoje e da segunda-feira passada obedecem à antecipação dos investidores, que querem amealhar lucros antes que suas ações possam perder valor na próxima semana.
Nesse contexto, o regulador anunciou pouco antes do fechamento forçado da sessão relâmpago de hoje uma nova norma que limitará a partir deste sábado, dia 9 de janeiro (ou seja, desde o momento em que expirar o prazo das medidas do dia 8 de julho) a capacidade de vender essas ações.
Além disso, se os investidores fizerem, deverão anunciar seus planos ao mercado com pelo menos 15 dias de adiantamento.
"Acredito que, da mesma forma que com o mecanismo interruptor, a intenção é boa, mas vai induzir ainda mais o pânico nas pessoas, portanto amanhã é possível que a interrupção seja aplicada mais uma vez", opinou Rui, descrevendo a situação atual como "um desastre artificial, porque se alterou as expectativas das pessoas".
"Os investidores individuais estão respondendo à própria novidade das novas normas e isso está mudando o efeito que produzem", avisou, por isso que os mercados estão se movendo em um "território inexplorado".
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