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China evitará recessão se for transparente e controlar capacidade produtiva

20/01/2016 15h39

Davos (Suíça), 20 jan (EFE).- A China está longe de estar em recessão, mas deve controlar sua capacidade produtiva e ser mais transparente na gestão de sua economia se quiser evitar entrar no vermelho no futuro, recomendaram nesta quarta-feira os especialistas presentes no Fórum Econômico Mundial.

Várias mesas-redondas e debates abordaram em Davos a situação econômica do país, a desaceleração de seu crescimento, o subdimensionado sistema produtivo, além das turbulências vividas nas bolsas chinesas e a resposta do governo, avaliada pelo economista americano Nouriel Roubini como "improvisada e excessiva".

Roubini participou de um encontro com um seleto grupo de diretores de grandes empresas chinesas, entre eles os presidentes da empresa de cartões bancários UnionPay, Shi Wenchao, e o do grupo automobilístico Guangzhou, Zhuang Fangyou.

O economista afirmou que a China não viverá nenhuma "aterrissagem forçosa" e destacou que o mundo esteja às portas de uma nova crise como a de 2008. Além disso, chamou os investidores de "maníacos depressivos" e "extremamente desconfiados".

Sobre a China, Roubini disse que o país carece de uma comunicação fluente e de uma suficiente transparência em questões vitais como a taxa real do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ou no cumprimento de padrões internacionais.

Na avaliação do economista, a transição rumo a um regime mais flexível na China já começou, mas foi "mal contado", provocando um problema de credibilidade. O mesmo teria ocorrido nos recentes episódios de oscilação nas bolsas chinesas, que foram resolvidos de forma precipitada, de acordo com o economista.

Já o presidente do banco suíço UBS, Axel Weber, em declarações à "Bloomberg", explicou que algumas das medidas para controlar as turbulências nas bolsas chinesas e reaquecer a economia do país parecem "improvisadas" e foram adotadas "um pouco tarde".

Weber se mostrou convencido que, apesar de tudo, a China tem "muita munição" para estabilizar sua economia e, de quebra, a do resto do mundo.

Para os executivos chineses presentes no debate, porém, o diagnóstico é diferente. O presidente do Guangzhou reconheceu um excesso de capacidade da indústria chinesa, não só no setor automobilístico. Esse teria sido um fator que contribuiu para reforçar a desaceleração econômica nos últimos trimestres.

Analisando de um ponto de vista estritamente financeiro, o presidente da UnionPay citou as dificuldades para que a liquidez no mercado cheguem de fato à economia real. "Trata-se de um problema de comunicação, porque as entidades financeiras nem sempre entendem o que as empresas e os indivíduos precisam", disse.

Ambos diretores apontaram a inovação tecnológica como uma das ferramentas fundamentais para superar o problema de desaceleração na China. Fangyou, além disso, destacou as companhias que fizeram parcerias com empresas estrangeiras e citou o próprio Guangzhou, que mantém alianças estratégias com a Honda e a Toyota, melhorando as formas de produzir.

Todos reconhecem que a China oferece excelentes oportunidades de investimentos, entre outras coisas, porque a correção das bolsas deixou bons preços no mercado, amenizando em parte os efeitos da desvalorização do iuane.