Hokkaido, a ilha japonesa onde as mangas crescem na neve

Obihiro (Japão) 19 fev (EFE) - Cultivar uma fruta tropical no meio da neve parece uma tarefa impossível, mas a tentativa de alguns empreendedores da ilha japonesa de Hokkaido foi bem-sucedida, com mangas que chegam a ser vendidas por até 50 mil ienes (cerca de R$ 1.700).
Ao leste da ilha, em Tokachi, o coração agrário de Hokkaido, uma estufa de 750 metros quadrados cercada de neve abriga 50 mangueiras que desde 2014 produzem aproximadamente 2.300 unidades anuais.
O proprietário da plantação, Hiroyuki Nakagawa, explicou à agência de notícias Efe que cultivar mangas na neve foi "um sonho" no qual começou a trabalhar há cinco anos, após conhecer um fazendeiro da província de Miyazaki que se dedicava ao negócio e que o ensinou a administrar uma fazenda.
Oásis em condições extremas
As gélidas temperaturas e as constantes nevascas do longo inverno de Hokkaido não fizeram Nakagawa desistir de um negócio que parecia inviável: cultivar uma das frutas tropicais por excelência em condições extremas e vender o produto no Natal, quando está mais cotado.
Para isso, Nakagawa investiu suas economias e um incentivo das autoridades japonesas para construir uma estufa, um oásis a 31,5º de temperatura cercado de neve.
"Recebemos uma estupenda resposta dos consumidores. Em cada colheita esgotamos as reservas, não temos sobras. De fato, não produzimos mangas suficientes, a demanda supera a oferta", contou à Efe o empresário, que estuda ampliar as instalações de cultivo.
Após o sucesso na venda de mangas, Nakagawa cogita cultivar outras frutas como abacaxi e pêssego para transformar Hokkaido no "centro de produção de frutas tropicais do Japão".
Vendas no Natal
As frutas com o selo "Sol na neve", sua marca, alcançam o auge de vendas no Natal, quando, por causa do fim do ano, os executivos japoneses trocam presentes exclusivos, considerados um detalhe de cortesia local.
O presente tem de ser único e dado em ótimas condições. Por isso, as peculiares mangas de Hokkaido se esgotam em questão de horas nas lojas de Tóquio.
A tecnologia para fazer a fruta crescer neste local ermo de neve é pouco poluente, já que 80% da energia usada para aquecer a estufa, onde a diferença de temperatura em relação ao exterior chega a 44 graus, é limpa.
As mangas que crescem em Hokkaido apresentam níveis de açúcar ligeiramente superiores aos das produzidas em outras regiões devido ao particular clima da ilha, com longas horas de exposição ao sol e uma ampla diferença entre a temperatura mínima e a máxima.
Essa circunstância do clima também afeta outros produtos cultivados na ilha, transformada na fazenda do Japão apesar da temperatura extrema (a mínima registrada é de 41 graus abaixo de zero em 1902) e graças a suas extensas zonas cultiváveis.
Hokkaido
Hokkaido, que representa quase 25% da superfície total do Japão, produz 90% dos legumes, 65% do trigo, 78% das batatas e quase todas as beterrabas cultivadas no país.
Além disso, a indústria de gado local produz 52% do leite do Japão, quase quatro milhões de toneladas, segundo dados proporcionados pelo Ministério da Agricultura e Pesca japonês.
Apesar desses números, a 'horta' japonesa enfrenta vários desafios: o envelhecimento da população e a adesão do Japão ao Acordo de Associação Transpacífico (TPP), que criará uma zona livre de tarifas entre 12 países.
Enquanto chega a confirmação deste acordo de livre-comércio agrícola, Hokkaido continua a abastecer o Japão de verduras, frutas e produtos lácteos como ocorre desde 1883, quando os primeiros colonos japoneses se estabeleceram na ilha.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.