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Entrada em vigor de aumento de impostos ameaça frágil economia grega

01/06/2016 13h16

Atenas, 1 jun (EFE).- O governo grego começou a aplicar desde esta quarta-feira grande parte dos aumentos de impostos indiretos aprovados há duas semanas, medidas que podem ser um empecilho para uma economia que mostra novos sinais de fraqueza.

Entram em vigor altas como a do IVA, de 23 % para 24%; o fim do desconto no imposto sobre o valor agregado em uma dezena de ilhas e o aumento de outras taxas especiais como as dos combustíveis e do tabaco.

Os comerciantes e empresas temem que com estas altas ocorra uma diminuição do consumo como o sofrido no anterior aumento do IVA ou após o decreto de controle de capitais, em uma economia que está em franca queda.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia contraiu, segundo dados facilitados ontem pelo escritório grego de estatística (Elstat), 0,5% no primeiro trimestre de 2016 em comparação com os três meses precedentes.

Esse organismo revisava assim em baixa os dados adiantados em maio do PIB, enquanto confirmava que a economia desabou 1,4% se comparada com o primeiro trimestre de 2015.

Em 2015, após seis anos de recessão, o país tinha registrado dois trimestres de crescimento antes que o governo decretasse, em 29 de junho, controles de capital que ainda seguem vigentes.

A economia grega é fundamentalmente estacional e é o setor turístico, sobretudo de seu rendimento na época do verão, do qual depende em grande medida o dado de crescimento anual.

Em 2016, o turismo também não tem, por enquanto, boas notícias, pois após vários anos de crescimento, parece que o número de chegadas à Grécia sofreu uma freada forte.

Os dados oficiais mostram, pela primeira vez desde 2013, uma leve baixa nas chegadas de turistas, embora desde as instâncias oficiais assegure-se que o país voltará a bater um recorde de visitantes no final da temporada.

A hotelaria teme especialmente que a alta do IVA e o fim do desconto no mesmo nas ilhas atinja com força seus negócios neste ano.

O governo grego decidiu aumentar os impostos indiretos como parte de seu plano para convencer os credores a finalizarem a primeira revisão do terceiro resgate e assim acelerar o desembolso do primeiro lance, com o qual pretende fazer frente aos pagamentos de dívida de junho e abordar um possível alívio da dívida.

Este plano incluía, além disso, dois pacotes de reformas: das pensões e dos impostos diretos.

Após aprovar no parlamento estas medida, a Grécia chegou a um acordo no Eurogrupo pelo qual este decidiu conceder 10,3 bilhões de euros, que pela primeira vez não servirão somente para pagar dívida, mas, disse confiante o Executivo, injetarão liquidez no mercado e recuperarão para o país a confiança dos investidores.

O Ministério das Finanças espera receber 7,5 bilhões em junho, dos quais 3,5 bilhões serão destinados ao pagamento de atrasos a provedores do Estado, em forma de 700 milhões de euros ao mês até outubro, o que se traduzirá em entrada de liquidez no mercado.

Um estudo recente de um meio econômico grego mostrou que a totalidade do dinheiro outorgado pelos credores desde 2010 a 2015 era parar integralmente a pagamento de dívida, juros e recapitalização dos bancos.

No entanto, o dinheiro do primeiro desembolso permanece ainda bloqueado por um bate-boca entre o ministro das Finanças, Euclides Tsakalotos, que afirmou que a Grécia não podia cumprir com algumas das condições impostas pelos credores, e o presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que respondeu taxativamente que sem cumprir tudo o que foi estipulado não haverá pagamento.

A Grécia tem que saldar quase 300 milhões de euros em dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) até a próxima terça-feira, e afrontará outro pagamento também ao FMI menos de uma semana depois por um montante de cerca de 450 milhões de euros.

O descontentamento pelas reformas e altas de impostos do Executivo na opinião pública é manifesto, como mostram as pesquisas, já que 87% desaprovam a gestão do governo, embora também não estejam de acordo com o papel de oposição, pois 84% não concordam com suas ações.