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Repartição desigual de recursos naturais ameaça agravar conflitos, diz FAO

15/06/2016 14h54

Roma, 15 jun (EFE).- A distribuição desigual dos recursos naturais deve fazer com que os países que sofreram com conflitos voltem a passar por isso novamente, afirmou nesta quarta-feira uma alta responsável da FAO, Marcela Villarreal.

Em uma conversa na Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Villarreal destacou, além disso, que a incapacidade das instituições para lidar com a escassez de recursos influencia na dinâmica dos conflitos.

A diretora do Escritório de Associações, Capacitação e Promoção da FAO acrescentou que os conflitos pelos recursos naturais cada vez ocorrem mais dentro das fronteiras dos países, sobretudo em áreas onde o povo depende da terra e outros recursos naturais para sobreviver.

Villarreal usou como exemplo a Somália, onde as relações ficaram tensas à medida que a seca se agravava, o que derivou na queda do preço da gado e no corte dos ingressos de pastores e criadores de gado, que ficaram mais propensos a participar do conflito para ganhar a vida.

A posse da terra também pode ser uma fonte de conflito, segundo Villarreal, que citou um estudo segundo o qual a densidade da população em Ruanda cresceu, e com ela a concorrência pelos recursos, antes do genocídio de 1994.

O deslocamento de pessoas que reivindicam a posse das terras, o colapso do sistema judiciário, a desconfiança geral e a falta de registros da propriedade são outros fatores que ameaçam alongar as crises nos países afetados pela violência, de acordo com o especialista.

Villarreal destacou que a fome pode ocasionar instabilidade, como ocorreu com a primeira greve documentada da História entre os escravos do Antigo Egito e com as quedas do regime etíope em 1974 e do governo haitiano em 2008.

Igualmente, disse, "o conflito afeta todos os aspectos da segurança alimentar".

Segundo estimativas da ONU, as pessoas que vivem em países afetados pela violência têm três vezes mais probabilidade de passar fome que aqueles habitantes de países em desenvolvimento.

Frente a essa situação, o responsável da FAO pediu investimento na segurança alimentar e no desenvolvimento rural, conexão das políticas de desenvolvimento, diálogo com todos os atores e que sejam evitados favorecimentos a determinados grupos com o objetivo de não avivar os conflitos.

A agência sustenta que sem paz não se poderá cumprir a agenda para o desenvolvimento fixada por Nações Unidas para 2030, que contempla a erradicação da fome e da pobreza, entre outros objetivos.