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Jeep chega aos 75 anos alimentando paixões na América Latina

02/08/2016 00h22

Detroit (EUA), 1 ago (EFE).- Jeep, um carro icônico nos Estados Unidos, onde começou sua caminhada há 75 anos, conseguiu construir uma lenda muito especial na América Latina com milhares de devotos a este 4x4 que cunharam inclusive um nome muito particular: "jeeperos".

Em entrevista à Agência Efe em Detroit (EUA), o diretor-executivo da Jeep, Mike Manley, reconheceu o apelo que a marca tem na América Latina, assim como em outras regiões do mundo, porque representa "esse espírito de aventura, de criar lembranças, das possibilidades que a vida oferece".

Manley também afirmou que "a marca ainda não alcançou todo seu potencial" na região. "Segue tendo oportunidades para nós", completou.

Algo no que os "jeeperos" sul-americanos concordam, especialmente agora que a Jeep voltou a produzir na região com a abertura no ano passado da fábrica em Pernambuco.

Não é a primeira vez que a Jeep é fabricada na América Latina. Após a Segunda Guerra Mundial, vários países latino-americanos produziram localmente sob licença os Jepps, dando origem a uma lealdade pela marca que continua até hoje.

A Argentina foi um dos países onde primeiro chegaram os Jeeps pelas mãos do Exército argentino, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. E em 1956, as Indústrias Kaiser começaram a produzir o Jeep sob licença.

Enrique Davidsohn, diretor-geral e fundador do Clube Jeep na Argentina, confessou em entrevista à Efe que não sabe exatamente por que gosta tanto da marca.

"É a mesma forma que surge o gosto por uma mulher. Ou por um time de futebol. Ou por um país", comentou, sorrindo.

"Tenho Jeep desde 1962. E ao longo dos anos fui tendo os modelos mais modernos que vieram. Tive por 8,10 anos e depois os mudei por gosto, porque na realidade nunca tive problemas com a marca Jeep", explicou.

Atualmente, Davidshon tem dois Jeeps: um Wrangler 2010 "usado para travessias que fazemos com o clube" e um Cherokee "para passear com a família".

"É um veículo forte, é um veículo que significa aventura e liberdade", declarou.

"Para nós, os jeeperos como dizemos, é a aventura, o passeio livre, poder exigir muito de um carro que não vai quebrar. E não ter que cuidar dele tanto como outras pessoas cuidam de seus respectivos automóveis", afirmou.

Davidsohn lembra de um fato curioso que aconteceu em Manaus.

"Tivemos que navegar sobre uma barca, no Amazonas. A embarcação encalhou, e o capitão do barco, tudo que podia falar era para jogarmos os carros no rio para que o barco seguisse", contou.

"Nosso grupo teve que brigar com toda a tripulação, para que não jogassem os carros na água", disse sorrindo.

Para Mauricio Novelli Júnior, vice-presidente do Jeep Clube do Brasil, fundado em 1981 por Nelson Almeida, "a marca Jeep no Brasil está intimamente relacionada com a aventura".

Como na Argentina, o Brasil começou a produzir o Jeep após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1954.

"As pessoas gostam do Jeep 4x4, em viagens, expedições, em tudo o que envolve a natureza. O Jeep para minha família, pelo menos, é um modo de vida. Temos nosso próprio estilo de vida", afirmou Novelli.

"Minha filha, de 7 anos, é tão apaixonada pelo Jeep que não deixa eu vendê-lo. Posso vender qualquer carro da família menos o Jeep", acrescentou.

Leo Moreira, instrutor do Jeep Clube do Brasil, explicou à Efe a importância de um veículo 4x4 no país.

"Cerca de 90% das estradas no Brasil são de terra. Vivemos em um país de proporções continentais, portanto temos todos os tipos de temperatura e todos os tipos de terrenos. A necessidade de saber como dirigir um veículo 4x4 é muito grande e as empresas estão buscando profissionais com esta qualificação", disse.

Ao contrário da Argentina e Brasil, onde os primeiros Jeeps chegaram pelas mãos do Exército, na Colômbia os primeiros foram adquiridos em 1946 pelos cafeicultores que viram no 4x4 o perfeito substituto da mula de carga.

Há dois anos, Jorge Luis Trujillo Mejia conseguiu realizar seu sonho, como ele mesmo reconheceu à Efe, e adquiriu seu primeiro Jeep Cherokee.

"Para mim era um desejo ter essa marca. Queria tê-la há muito tempo que vinha tendo campesinos diferentes, até que chegou a caminhonete que eu gostava e pude comprar um Jeep", disse à Efe.

Trujillo explicou que "utilitário ou campesinos podem ser suficientes, mas conseguir o que esta marca alcança aqui, conseguir que as pessoas se comprometam com a marca, conseguir que as pessoas queiram conduzir o carro um dia inteiro não é fácil", afirmou.

"São 75 anos de história, todos sabem o que fez a Jeep na história. Você encontra modelos semelhantes, e embora isso possa ter um custo mais elevado, você vai preferir sobre os outros", finalizou Trujillo.